UFPR 2003 História - Questões
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O Cristianismo niceno tornou-se religião oficial do Império Romano no ano de 380 d.C., com o famoso Édito de Tessalônica, outorgado pelo Imperador Teodósio. Até esse momento, a caminhada havia sido dura e difícil para os seguidores de Cristo. Exemplo disso foram as perseguições movidas por alguns imperadores romanos, em toda a extensão do Império, eternizadas pelos relatos fantásticos e emotivos de vários escritores e historiadores cristãos. É correto apontar como principais causas dessas perseguições:
($\quad$) A recusa da comunidade cristã em realizar o culto à figura do Imperador, considerado como eixo ideológico central do poder imperial.
($\quad$) A constante penetração de elementos cristãos, seja nas filas do exército imperial romano, seja em cargos administrativos de elevada importância; temia-se que os cristãos pudessem servir de "mau" exemplo em termos tanto políticos como ideológicos.
($\quad$) A associação entre os cristãos e os inimigos bárbaros, que punha em risco a estabilidade política e religiosa interna do mundo imperial romano.
($\quad$) Aspectos de índole moral, na medida em que os cristãos eram acusados pelos pagãos de realizar orgias e assassinatos de crianças em seus rituais.
($\quad$) A acusação de que os cristãos agiam como promotores da instabilidade interna do Império, enfraquecendo-o no campo político-institucional.
"Entre 1060 e 1150, o Ocidente foi praticamente coberto de igrejas. (...) Com efeito, a construção desses edifícios dependia do esforço dos fiéis, que forneciam o material e contribuíam com o trabalho necessário para a obra. (...) O aspecto mais importante deste fenômeno, no entanto, se refere à arquitetura que orientou a edificação das igrejas medievais. Predominaram dois estilos principais: o românico e o gótico. A evolução do primeiro para o segundo representou uma renovação artística que, por sua vez, correspondeu às transformações gerais ocorridas na estrutura da sociedade durante a Baixa Idade Média."
(Arruda, J. J. História Antiga e Medieval. São Paulo: Ática, 1996. p. 477.)
Considerando as transformações sociais, religiosas e de mentalidade que geraram a evolução de um estilo a outro, é correto afirmar:
a) ( ) O românico era o estilo que caracterizava a construção de igrejas no meio rural. Com a expansão econômica, mercantil e urbana do século XI, as igrejas começaram a ser construídas nas cidades, no estilo gótico.
b) ( ) O românico era o estilo que conservava os traços estilísticos do mundo romano recém-desestruturado. Quando os germanos, e especialmente os godos, começaram a fazer predominar sua cultura na Europa Ocidental, criaram o estilo gótico.
c) ( ) A evolução das estruturas materiais exigia da Igreja uma atualização de sua pregação e uma nova forma de representação artística; assim, o românico vinculava-se à virada do ano mil e seus temores milenaristas, enquanto que o gótico passou a refletir o otimismo de um Ocidente em franca expansão econômica e demográfica.
d) ( ) O fervilhar de ideias e a circulação intensa de riquezas que havia no meio urbano dos séculos XII e XIII, seja em mercados, Universidades ou mesmo Corporações de Ofícios, geraram o desenvolvimento de um estilo de construção religiosa que refletia a ostentação, diversidade e importância dos grupos que compunham as cidades: o estilo gótico.
e) ( ) Não houve uma substancial transformação estilística do românico para o gótico. O que mudou, essencialmente, foram os financiadores das construções religiosas.
"Se não existissem leis e governos, uma vez que o mundo é mau e apenas um ser humano em mil é um verdadeiro cristão, as pessoas se destruiriam umas às outras e ninguém seria capaz de sustentar sua mulher e seus filhos, de se alimentar e servir a Deus. O mundo tornar-se-ia um deserto. E assim Deus instituiu dois governos, o governo espiritual, que molda os verdadeiros cristãos e as pessoas justas por meio do Espírito Santo sob Cristo, e o governo secular, que reprime os maus e os não cristãos e os obriga a conservarem-se exteriormente em paz e permanecerem quietos, gostem ou não gostem disso."
(Martinho Lutero. Sobre a autoridade secular: até que ponto se estende a obediência a ela? Trad. de Hélio M. L. de Barros e Carlos E. S. Matos. São Paulo: Martins Fontes, 1995. p. 16.)
Sobre o contexto da Reforma Protestante e as ideias de Lutero sobre o poder temporal, é correto afirmar:
($\quad$) Dando continuidade ao pensamento político de Santo Agostinho, Lutero reforça a autoridade dos príncipes, legitima o domínio que exercem sobre os súditos e compartilha com os monarcas as ideias a respeito da centralização do poder.
($\quad$) Lutero, por assumir uma posição de conservadorismo político e defender a teoria da resistência passiva dos cristãos, condenou com veemência as revoltas camponesas na Alemanha.
($\quad$) Ao fundamentar sua teologia na justificação pela fé, Lutero desenvolveu uma definição pessimista da humanidade, que se confrontava com a definição humanista. Isso ficou evidente na polêmica que manteve com Erasmo, em torno do livre-arbítrio.
($\quad$) Apesar de se colocarem em campos teológicos e doutrinários completamente opostos, a Reforma Protestante e a Reforma Católica tinham um objetivo comum: responder às demandas espirituais da época e aplacar as inquietações da consciência cristã.
($\quad$) As guerras religiosas do século XVI uniram católicos e protestantes contra a ameaça turca e o Islã.
Em 1516 foi publicado o livro Utopia, do humanista inglês Thomas More. A respeito das ideias humanistas, é correto afirmar:
($\quad$) More defendia a sociedade aristocrática inglesa; seu livro foi um elogio às elites e ao estilo de vida dos nobres, sendo a ilha Utopia uma representação da Inglaterra.
($\quad$) Os humanistas ingleses e dos Países Baixos escreveram críticas impiedosas à sociedade e aos vícios humanos, aos homens da Igreja e aos maus governantes, como se pode ler, por exemplo, no livro O Elogio da Loucura, de Erasmo.
($\quad$) Uma das principais características do pensamento humanista é a crença na ligação entre conhecimento e governo justo. Isso explica a divulgação de obras de aconselhamento dos príncipes e de obras voltadas para a crítica social.
($\quad$) Um elemento importante na formulação do pensamento humanista foi a defesa do bem público.
($\quad$) Para os humanistas cristãos, a república perfeita era a república cristã fundada nas virtudes do povo e do príncipe.
Em 13 de junho de 1913 a militante sufragista inglesa Emily Wilding Davidson jogou-se sob as patas do cavalo do rei durante o Grande Prêmio Derby d’Epson, vindo a morrer por causa dos ferimentos. Esse ato extremo impressionou a opinião pública, chamando a atenção para o movimento político em defesa do direito de voto para as mulheres. A ação política em torno do voto feminino, mais do que reivindicação pelo direito de igualdade jurídica, levantava a incômoda questão das resistências ao exercício da cidadania civil e política das mulheres. Sobre a questão, é correto afirmar:
($\quad$) No Brasil, o reconhecimento jurídico do direito ao voto feminino já estava previsto na Constituição Republicana de 1891.
($\quad$) Durante a Revolução Francesa as mulheres se organizaram e intervieram ativamente nos debates políticos; contudo, a partir de 1793 teve início na França o processo de exclusão sistemática das mulheres da esfera pública, fundamentado na teoria da incapacidade natural do sexo feminino.
($\quad$) Após a conquista do direito ao voto feminino, os direitos políticos das mulheres nas sociedades democráticas do século XXI podem ampliar-se ainda mais. Uma das medidas para tanto é a expansão da elegibilidade de mulheres para o exercício de funções políticas. No Brasil, a instituição de cotas nos partidos aponta positivamente nessa direção.
($\quad$) O direito romano previa o exercício pleno da cidadania para as mulheres, que podiam exercer, tanto no direito público quanto no direito privado, todas as funções relativas ao patrimônio e à justiça.
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