"Se não existissem leis e governos, uma vez que o mundo é mau e apenas um ser humano em mil é um verdadeiro cristão, as pessoas se destruiriam umas às outras e ninguém seria capaz de sustentar sua mulher e seus filhos, de se alimentar e servir a Deus. O mundo tornar-se-ia um deserto. E assim Deus instituiu dois governos, o governo espiritual, que molda os verdadeiros cristãos e as pessoas justas por meio do Espírito Santo sob Cristo, e o governo secular, que reprime os maus e os não cristãos e os obriga a conservarem-se exteriormente em paz e permanecerem quietos, gostem ou não gostem disso."
(Martinho Lutero. Sobre a autoridade secular: até que ponto se estende a obediência a ela? Trad. de Hélio M. L. de Barros e Carlos E. S. Matos. São Paulo: Martins Fontes, 1995. p. 16.)
Sobre o contexto da Reforma Protestante e as ideias de Lutero sobre o poder temporal, é correto afirmar:
() Dando continuidade ao pensamento político de Santo Agostinho, Lutero reforça a autoridade dos príncipes, legitima o domínio que exercem sobre os súditos e compartilha com os monarcas as ideias a respeito da centralização do poder.
() Lutero, por assumir uma posição de conservadorismo político e defender a teoria da resistência passiva dos cristãos, condenou com veemência as revoltas camponesas na Alemanha.
() Ao fundamentar sua teologia na justificação pela fé, Lutero desenvolveu uma definição pessimista da humanidade, que se confrontava com a definição humanista. Isso ficou evidente na polêmica que manteve com Erasmo, em torno do livre-arbítrio.
() Apesar de se colocarem em campos teológicos e doutrinários completamente opostos, a Reforma Protestante e a Reforma Católica tinham um objetivo comum: responder às demandas espirituais da época e aplacar as inquietações da consciência cristã.
() As guerras religiosas do século XVI uniram católicos e protestantes contra a ameaça turca e o Islã.