UERJ 2022 Português - Questões

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O poema a seguir foi adaptado do livro: SONETOS DE CAMÕES: CORPUS DOS SONETOS CAMONIANOS*.

(*Edição e notas de Cleonice S. M. Berardinelli. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa,1980.)

SONETO I

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o mundo é composto de mudança,

Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,

Diferentes em tudo da esperança;

Do mal ficam as mágoas na lembrança,

E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,

Que já coberto foi de neve fria,

E enfim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,

Outra mudança faz de mor$\ ^1$ espanto,

Que não se muda já como soía$\ ^2$.

$\ ^1$mor − maior

$\ ^2$soía − costumava

No soneto, é possível observar a exposição de ideias segundo uma lógica argumentativa.

Dois recursos empregados no soneto I que articulam as ideias presentes na primeira estrofe às presentes nas outras três são, respectivamente:


O poema a seguir foi adaptado do livro: SONETOS DE CAMÕES: CORPUS DOS SONETOS CAMONIANOS*.

(*Edição e notas de Cleonice S. M. Berardinelli. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa,1980.)

SONETO I

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o mundo é composto de mudança,

Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,

Diferentes em tudo da esperança;

Do mal ficam as mágoas na lembrança,

E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,

Que já coberto foi de neve fria,

E enfim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,

Outra mudança faz de mor$\ ^1$ espanto,

Que não se muda já como soía$\ ^2$.

$\ ^1$mor − maior

$\ ^2$soía − costumava

A imagem a seguir reproduz um grafite visto em um muro em Portugal.

O grafite estabelece intertextualidade com o soneto I, que trata da mudança como fonte de desassossego para o poeta quinhentista.

Reelaborada na contemporaneidade, a mudança retratada no grafite pode ser associada ao seguinte tema, presente nos sonetos de Camões:


O poema a seguir foi adaptado do livro: SONETOS DE CAMÕES: CORPUS DOS SONETOS CAMONIANOS*.

(*Edição e notas de Cleonice S. M. Berardinelli. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa,1980.)

SONETO II

O tempo acaba o ano, o mês e a hora,

A força, a arte, a manha, a fortaleza;

O tempo acaba a fama e a riqueza,

O tempo o mesmo tempo de si chora.

O tempo busca e acaba o onde mora

Qualquer ingratidão, qualquer dureza,

Mas não pode acabar minha tristeza,

Enquanto não quiserdes vós, Senhora.

O tempo o claro dia torna escuro,

E o mais ledo$\ ^1$ prazer em choro triste;

O tempo a tempestade em grã$\ ^2$ bonança.

Mas de abrandar o tempo estou seguro

O peito de diamante, onde consiste

A pena e o prazer desta esperança.

$\ ^1$ledo − alegre

$\ ^2$grã − grande

No soneto II, marcas enunciativas que representam os interlocutores do poema estão presentes nos seguintes versos:


O poema a seguir foi adaptado do livro: SONETOS DE CAMÕES: CORPUS DOS SONETOS CAMONIANOS*.

(*Edição e notas de Cleonice S. M. Berardinelli. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa,1980.)

SONETO II

O tempo acaba o ano, o mês e a hora,

A força, a arte, a manha, a fortaleza;

O tempo acaba a fama e a riqueza,

O tempo o mesmo tempo de si chora.

O tempo busca e acaba o onde mora

Qualquer ingratidão, qualquer dureza,

Mas não pode acabar minha tristeza,

Enquanto não quiserdes vós, Senhora.

O tempo o claro dia torna escuro,

E o mais ledo$\ ^1$ prazer em choro triste;

O tempo a tempestade em grã$\ ^2$ bonança.

Mas de abrandar o tempo estou seguro

O peito de diamante, onde consiste

A pena e o prazer desta esperança.

$\ ^1$ledo − alegre

$\ ^2$grã − grande

No soneto II, o poeta descreve o impacto da ação do tempo, destacando sua capacidade de transformar algo em seu oposto.

Essa capacidade está exemplificada no seguinte verso:


O poema a seguir foi adaptado do livro: SONETOS DE CAMÕES: CORPUS DOS SONETOS CAMONIANOS*.

(*Edição e notas de Cleonice S. M. Berardinelli. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa,1980.)

SONETO III

Sete anos de pastor Jacob servia

Labão, pai de Raquel, serrana bela;

Mas não servia ao pai, servia a ela,

E a ela só por prêmio pretendia.

Os dias na esperança de um só dia

Passava, contentando-se com vê-la;

Porém o pai, usando de cautela,

Em lugar de Raquel, lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos

Lhe fora assim negada sua pastora,

Como se a não tivera merecida,

Começa de servir outros sete anos,

Dizendo: — Mais servira, se não fora

Para tão longo amor tão curta a vida.

No soneto III, o poeta aborda a frustração amorosa, empregando construções de um tipo textual não usual no gênero lírico.

Esse tipo textual é denominado:


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