UEL 2016 Sociologia - Questões
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Leia o texto a seguir.
Cumpre ainda acrescentar que essa cordialidade, estranha, por um lado, a todo formalismo e convencionalismo social, não abrange, por outro, apenas obrigatoriamente, sentimentos positivos e de concórdia. A inimizade bem pode ser tão cordial como a amizade, visto que uma e outra nascem do coração, e procedem, assim, da esfera do íntimo, do familiar, do privado. Nenhum povo está mais distante dessa noção ritualista da vida do que o brasileiro. Nada mais significativo dessa aversão ao ritualismo social, que exige, por vezes, uma personalidade fortemente homogênea e equilibrada em todas as suas partes, do que a dificuldade em que se sentem, geralmente, os brasileiros, de uma reverência prolongada ante um superior. Nosso temperamento admite fórmulas de reverência, e até de bom grado, mas quase somente enquanto não suprimam de todo a possibilidade de convívio mais familiar. Para o funcionário “patrimonial”, a própria gestão política apresenta-se como assunto de seu interesse particular. As funções, os empregos e os benefícios que deles aufere, relacionam-se a direitos pessoais do funcionário e não a interesses objetivos, como sucede no verdadeiro Estado burocrático, em que prevalecem a especialização das funções e o esforço para se assegurarem garantias jurídicas aos cidadãos.
(Adaptado de: HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. 13.ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1979. p.105-108.)
O pensador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda desenvolveu sua noção de "homem cordial" em Raízes do Brasil.
A partir desse trecho da obra, identifique e explique as três características básicas ligadas a essa noção.
Leia o texto a seguir.
O Estado moderno é uma associação de dominação institucional que, dentro de determinado território, pretendeu com êxito dominar os meios de coação física legítima como meio de dominação e reuniu para este fim, nas mãos de seus dirigentes, os meios materiais de organização, depois de desapropriar todos os funcionários estamentais autônomos que antes dispunham, por direito próprio, destes meios e de colocar-se, ele próprio, em seu lugar, representado por seus dirigentes supremos.
(Adaptado de: WEBER, M. Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. v.2. Brasília: Editora da UnB, 1999. p.529.)
No texto, o sociólogo Max Weber explica que um dos principais traços distintivos do Estado moderno em relação às instituições políticas que o antecederam é o do monopólio da violência física legítima que este deve deter. Com base nisso, responda aos itens a seguir.
a) O que significa monopólio da violência física legítima e quem o exerce?
b) Cite e explique duas atribuições legais de quem exerce o monopólio da violência física.
Leia o texto a seguir.
Rigorosamente falando, não existe exclusão: existe contradição, existem vítimas de processos sociais, políticos e econômicos excludentes; existe o conflito pelo qual a vítima dos processos excludentes proclama seu inconformismo, seu mal-estar, sua revolta, sua esperança, sua força reivindicativa e sua reivindicação corrosiva. Temos de admitir que a ideia de exclusão é pobre e insuficiente. Ela nos lança na cilada de discutir o que não está acontecendo exatamente como sugerimos, impedindo-nos, portanto, de discutir o que de fato acontece: discutimos a exclusão e por isso, deixamos de discutir as formas pobres, insuficientes e, às vezes, até indecentes de inclusão.
(Adaptado de: MARTINS, J. S. Exclusão social e a nova desigualdade. 3.ed. São Paulo: Paulus, 1997. p.14.)
Embora o termo exclusão social seja bastante difundido nas ciências e na imprensa, o sociólogo brasileiro José de Souza Martins o critica.
A partir do texto, responda aos itens a seguir.
a) Explique por que, para Martins, não existe propriamente exclusão social.
b) Cite quatro exemplos de situações que, segundo Martins, constituem "formas pobres, insuficientes e, às vezes, até indecentes de inclusão".
Leia o texto a seguir.
O homem faz a religião, a religião não faz o homem. E a religião é de fato a autoconsciência e o sentimento de si do homem, que ou não se encontrou ou voltou a se perder. Mas o homem não é um ser abstrato, acocorado fora do mundo. O homem é o mundo do homem, o Estado, a sociedade. Este Estado e esta sociedade produzem a religião, uma consciência invertida do mundo, porque eles são um mundo invertido.
(MARX, K. Crítica à Filosofia do Direito de Hegel. São Paulo: Boitempo, 2005. p.145.)
Na teoria do pensador Karl Marx, há um conceito que explica essa inversão da realidade (por conseguinte, da consciência) e, em razão dela, da relação do sujeito (seres humanos) com aquilo que, objetiva e subjetivamente, ele produz.
Com referência às ideias de Marx, responda aos itens a seguir.
a) Qual é esse conceito?
b) O que significa inverter a relação sujeito-objeto? Explique como isso se manifesta na religião.
A vida em grandes metrópoles apresenta atributos que consideramos sinônimos de progresso, como facilidades de acesso aos bens de consumo, oportunidades de trabalho, lazer, serviços, educação, saúde etc. Por outro lado, em algumas delas, devido à grandiosidade dessas cidades e aos milhões de cidadãos que ali moram, existem muito mais problemas do que benefícios. Seus habitantes sabem como são complicados o trânsito, a segurança pública, a poluição, os problemas ambientais, a habitação etc. Sem dúvida, são desafios que exigem muito esforço não só dos governantes, mas também de todas as pessoas que vivem nesses lugares. Essas cidades convivem ao mesmo tempo com a ordem e o caos, com a pobreza e a riqueza, com a beleza e a feiura.
A tendência das coisas de se desordenarem espontaneamente é uma característica fundamental da natureza. Para que ocorra a organização, é necessária alguma ação que restabeleça a ordem. É o que acontece nas grandes cidades: despoluir um rio, melhorar a condição de vida dos seus habitantes e diminuir a violência, por exemplo, são tarefas que exigem muito trabalho e não acontecem espontaneamente.
Se não houver qualquer ação nesse sentido, a tendência é que prevaleça a desorganização. Em nosso cotidiano, percebemos que é mais fácil deixarmos as coisas desorganizadas do que em ordem. A ordem tem seu preço. Portanto, percebemos que há um embate constante na manutenção da vida e do universo contra a desordem. A luta contra a desorganização é travada a cada momento por nós. Por exemplo, desde o momento da nossa concepção, a partir da fecundação do óvulo pelo espermatozoide, nosso organismo vai se desenvolvendo e ficando mais complexo. Partimos de uma única célula e chegamos à fase adulta com trilhões delas, especializadas para determinadas funções. Entretanto, com o passar dos anos, envelhecemos e nosso corpo não consegue mais funcionar adequadamente, ocorre uma falha fatal e morremos. O que se observa na natureza é que a manutenção da ordem é fruto da ação das forças fundamentais, que, ao interagirem com a matéria, permitem que esta se organize.
Desde a formação do nosso planeta, há cerca de $5$ bilhões de anos, a vida somente conseguiu se desenvolver às custas de transformar a energia recebida pelo Sol em uma forma útil, ou seja, capaz de manter a organização. Para tal, pagamos um preço alto: grande parte dessa energia é perdida, principalmente na forma de calor. Dessa forma, para que existamos, pagamos o preço de aumentar a desorganização do nosso planeta. Quando o Sol não puder mais fornecer essa energia, dentro de mais $5$ bilhões de anos, não existirá mais vida na Terra. Com certeza a espécie humana já terá sido extinta muito antes disso.
(Adaptado de: OLIVEIRA, A. O Caos e a Ordem. Ciência Hoje. Disponível em:
O texto I apresenta certas dimensões da cidade contemporânea que podem ser tratadas a partir do que a Sociologia denominou “questões urbanas”. Com base nos conhecimentos sobre as questões urbanas, especialmente nos estudos sociológicos da Escola de Chicago, assinale a alternativa correta.
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