USP 2013 Português - Questões
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Leia o texto de José de Alencar, do romance Til.
Cerca de uma légua abaixo da confluência do Atibaia com o Piracicaba, e à margem deste último rio, estava situada a fazenda das Palmas.
Ficava no seio de uma bela floresta virgem, porventura a mais vasta e frondosa, das que então contava a província de São Paulo, e foram convertidas a ferro e fogo em campos de cultura. Daquela que borda as margens do Piracicaba, (...) ainda restam grandes matas, cortadas de roças e cafezais. Mas dificilmente se encontram já aqueles gigantes da selva brasileira, cujos troncos enormes deram as grandes canoas, que serviram à exploração de Mato Grosso. Daí partiam pelo caminho d’água as expedições que os arrojados paulistas levavam às regiões desconhecidas do Cuiabá, descortinando o deserto, e rasgando as entranhas da terra virgem, para arrancar-lhe as fezes, que o mundo chama ouro e comunga como a verdadeira hóstia.
(José de Alencar, Til.)
Considere o texto e seus conhecimentos para responder:
a) O texto acima faz referência ao bioma originalmente dominante no estado de São Paulo. De que bioma se trata e qual é a sua situação atual na região do estado de São Paulo citada no texto?
b) Depois de ter-se implantado na região mencionada no texto, para que outras áreas do território do estado de São Paulo se expandiu a cultura do café?
c) Indique o bioma dominante no atual estado de Mato Grosso e explique os principais usos da terra nesse estado, na atualidade.
Vivendo e...
Eu sabia fazer pipa e hoje não sei mais. Duvido que se hoje pegasse uma bola de gude conseguisse equilibrá-la na dobra do dedo indicador sobre a unha do polegar, quanto mais jogá-la com a $\underline{\text{precisão}}$ que tinha quando era garoto. (...)
Juntando-se as duas mãos de um determinado jeito, com os polegares para dentro, e assoprando pelo buraquinho, tirava-se um silvo bonito que inclusive variava de tom conforme o posicionamento das mãos. Hoje não sei mais que jeito é esse. Eu sabia a $\underline{\text{fórmula}}$ de fazer cola caseira. Algo envolvendo farinha e água e $\underline{\text{muita confusão}}$ na cozinha, de onde éramos expulsos sob ameaças. Hoje não sei mais. A gente começava a contar depois de ver um relâmpago e o número a que chegasse (1) quando ouvia a trovoada, multiplicado por outro número, dava a $\underline{\text{distância exata}}$ do relâmpago. Não me lembro mais dos números. (...)
Lembro o orgulho (2) com que consegui, pela primeira vez, cuspir corretamente pelo espaço adequado entre os dentes de cima e a ponta da língua de modo que o cuspe ganhasse distância e pudesse ser mirado. Com prática, conseguia-se controlar a $\underline{\text{trajetória elíptica}}$ da cusparada com uma $\underline{\text{mínima margem de erro}}$. Era $\underline{\text{puro instinto}}$. Hoje o mesmo feito requereria $\underline{\text{complicados cálculos}}$ de balística, e eu provavelmente só acertaria a frente da minha camisa. Outra $\underline{\text{habilidade perdida}}$.
Na verdade, deve-se revisar aquela antiga frase. É vivendo e ............... . Não falo daquelas coisas que deixamos de fazer (3) porque não temos mais as condições físicas e a coragem de antigamente, como subir em bonde andando - mesmo porque não há mais bondes (4) andando. Falo da sabedoria desperdiçada, das artes que nos $\underline{\text{abandonaram}}$. Algumas até úteis. Quem nunca desejou ainda ter o cuspe certeiro de garoto para acertar em algum alvo contemporâneo, bem no olho, e depois sair correndo? Eu já.
(Luís F. Veríssimo, Comédias para se ler na escola.)
A palavra que o cronista omite no título, substituindo-a por reticências, ele a emprega no último parágrafo, na posição marcada com pontilhado. Tendo em vista o contexto, conclui-se que se trata da palavra
Vivendo e...
Eu sabia fazer pipa e hoje não sei mais. Duvido que se hoje pegasse uma bola de gude conseguisse equilibrá-la na dobra do dedo indicador sobre a unha do polegar, quanto mais jogá-la com a $\underline{\text{precisão}}$ que tinha quando era garoto. (...)
Juntando-se as duas mãos de um determinado jeito, com os polegares para dentro, e assoprando pelo buraquinho, tirava-se um silvo bonito que inclusive variava de tom conforme o posicionamento das mãos. Hoje não sei mais que jeito é esse. Eu sabia a $\underline{\text{fórmula}}$ de fazer cola caseira. Algo envolvendo farinha e água e $\underline{\text{muita confusão}}$ na cozinha, de onde éramos expulsos sob ameaças. Hoje não sei mais. A gente começava a contar depois de ver um relâmpago e o número a que chegasse (1) quando ouvia a trovoada, multiplicado por outro número, dava a $\underline{\text{distância exata}}$ do relâmpago. Não me lembro mais dos números. (...)
Lembro o orgulho (2) com que consegui, pela primeira vez, cuspir corretamente pelo espaço adequado entre os dentes de cima e a ponta da língua de modo que o cuspe ganhasse distância e pudesse ser mirado. Com prática, conseguia-se controlar a $\underline{\text{trajetória elíptica}}$ da cusparada com uma $\underline{\text{mínima margem de erro}}$. Era $\underline{\text{puro instinto}}$. Hoje o mesmo feito requereria $\underline{\text{complicados cálculos}}$ de balística, e eu provavelmente só acertaria a frente da minha camisa. Outra $\underline{\text{habilidade perdida}}$.
Na verdade, deve-se revisar aquela antiga frase. É vivendo e ............... . Não falo daquelas coisas que deixamos de fazer (3) porque não temos mais as condições físicas e a coragem de antigamente, como subir em bonde andando - mesmo porque não há mais bondes (4) andando. Falo da sabedoria desperdiçada, das artes que nos $\underline{\text{abandonaram}}$. Algumas até úteis. Quem nunca desejou ainda ter o cuspe certeiro de garoto para acertar em algum alvo contemporâneo, bem no olho, e depois sair correndo? Eu já.
(Luís F. Veríssimo, Comédias para se ler na escola.)
Um dos contrastes entre passado e presente que caracterizam o desenvolvimento do texto manifesta-se na oposição entre as seguintes expressões sublinhadas no texto:
Vivendo e...
Eu sabia fazer pipa e hoje não sei mais. Duvido que se hoje pegasse uma bola de gude conseguisse equilibrá-la na dobra do dedo indicador sobre a unha do polegar, quanto mais jogá-la com a $\underline{\text{precisão}}$ que tinha quando era garoto. (...)
Juntando-se as duas mãos de um determinado jeito, com os polegares para dentro, e assoprando pelo buraquinho, tirava-se um silvo bonito que inclusive variava de tom conforme o posicionamento das mãos. Hoje não sei mais que jeito é esse. Eu sabia a $\underline{\text{fórmula}}$ de fazer cola caseira. Algo envolvendo farinha e água e $\underline{\text{muita confusão}}$ na cozinha, de onde éramos expulsos sob ameaças. Hoje não sei mais. A gente começava a contar depois de ver um relâmpago e o número a que chegasse (1) quando ouvia a trovoada, multiplicado por outro número, dava a $\underline{\text{distância exata}}$ do relâmpago. Não me lembro mais dos números. (...)
Lembro o orgulho (2) com que consegui, pela primeira vez, cuspir corretamente pelo espaço adequado entre os dentes de cima e a ponta da língua de modo que o cuspe ganhasse distância e pudesse ser mirado. Com prática, conseguia-se controlar a $\underline{\text{trajetória elíptica}}$ da cusparada com uma $\underline{\text{mínima margem de erro}}$. Era $\underline{\text{puro instinto}}$. Hoje o mesmo feito requereria $\underline{\text{complicados cálculos}}$ de balística, e eu provavelmente só acertaria a frente da minha camisa. Outra $\underline{\text{habilidade perdida}}$.
Na verdade, deve-se revisar aquela antiga frase. É vivendo e ............... . Não falo daquelas coisas que deixamos de fazer (3) porque não temos mais as condições físicas e a coragem de antigamente, como subir em bonde andando - mesmo porque não há mais bondes (4) andando. Falo da sabedoria desperdiçada, das artes que nos $\underline{\text{abandonaram}}$. Algumas até úteis. Quem nunca desejou ainda ter o cuspe certeiro de garoto para acertar em algum alvo contemporâneo, bem no olho, e depois sair correndo? Eu já.
(Luís F. Veríssimo, Comédias para se ler na escola.)
Considere as seguintes substituições propostas para diferentes trechos do texto:
I. “O número a que chegasse” (1) = o número a que alcançasse.
II. “Lembro o orgulho” (2) = Recordo-me do orgulho.
III. “Coisas que deixamos de fazer” (3) = coisas que nos descartamos.
IV. “Não há mais bondes” (4) = não existe mais bondes.
A correção gramatical está preservada apenas no que foi proposto em
A essência da teoria democrática é a supressão de qualquer imposição de classe, fundada no postulado ou na crença de que os conflitos e problemas humanos — econômicos, políticos, ou sociais — são solucionáveis pela educação, isto é, pela cooperação voluntária, mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos melhores conhecimentos existentes e, assim, a pesquisa científica nos campos das ciências naturais e das chamadas ciências sociais deverá se fazer a mais ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em termos que os tornem acessíveis a todos.
(Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.)
De acordo com o texto, a sociedade será democrática quando
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