UNICAMP 2008 Português - Questões

Filtro de Questões

Abrir Opções Avançadas

Filtrar por resolução:

A carta abaixo reproduzida foi publicada em outubro de 2007, após declaração sobre a legalização do aborto feita por Sérgio Cabral, governador do Estado do Rio de Janeiro.

Sobre a declaração do governador fluminense, Sérgio Cabral, de que "as mães faveladas são uma fábrica de produzir marginais”, cabe indagar: essas mães produzem marginais apenas quando dão à luz ou também quando votam?

(Juarez r. Venitez, Sacramento-MG, seção Painel do Leitor, Folha de São Paulo, 29/10/2007.)

  1. a) Há uma forte ironia produzida no texto da carta. Destaque a parte do texto em que se expressa essa ironia. Justifique.

  2. b) Nessa ironia, marca-se uma crítica à declaração do governador do Rio de Janeiro. Entretanto, em função da presença de uma construção sintática, a crítica não incorre em uma oposição. Indique a construção sintática que relativiza essa crítica. Justifique.

O seguinte enunciado está presente em uma campanha publicitária de provedor de Internet:

Finalmente um líder mundial de Internet que sabe a diferença entre acabar em pizza e acabar em pizza. Terra. A Internet do Brasil e do mundo.

  1. a) A propaganda joga com um duplo sentido da expressão “acabar em pizza”. Qual é o duplo sentido?

  2. b) A propaganda trabalha com esse duplo sentido para construir a imagem de um provedor que se insere em âmbitos internacional e nacional. De que modo a expressão “acabar em pizza” ajuda na construção dessa imagem?


Um chamado João

João era fabulista?

fabuloso?

fábula?

Sertão místico disparando

no exílio da linguagem comum?

Projetava na gravatinha

a quinta face das coisas

inenarrável narrada?

Um estranho chamado João

para disfarçar, para farçar

o que não ousamos compreender?

(...)

civilmente mágico, apelador

de precipites prodígios acudindo

a chamado geral?

(...)

Ficamos sem saber o que era João

e se João existiu

deve pegar.

(Carlos Drummond de Andrade, em Correio da Manhã, 22/11/1967, publicado em Rosa, J. G. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.)

  1. a) No título, ’chamado’ sintetiza dois sentidos com que a palavra aparece no poema. Explique esses dois sentidos, indicando como estão presentes nas passagens em que ’chamado’ se encontra.

  2. b) Na primeira estrofe do poema, ’fábula’ é derivada em ’fabulista’ e ’fabuloso’. Mostre de que modo a formação morfológica e a função sintática das três palavras contribuem para a formação da imagem de Guimarães Rosa.

Um chamado João

João era fabulista?

fabuloso?

fábula?

Sertão místico disparando

no exílio da linguagem comum?

Projetava na gravatinha

a quinta face das coisas

inenarrável narrada?

Um estranho chamado João

para disfarçar, para farçar

o que não ousamos compreender?

(...)

civilmente mágico, apelador

de precipites prodígios acudindo

a chamado geral?

(...)

Ficamos sem saber o que era João

e se João existiu

deve pegar.

(Carlos Drummond de Andrade, em Correio da Manhã, 22/11/1967, publicado em Rosa, J. G. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.)

Na segunda estrofe, há dois processos muito interessantes de associação de palavras. Em “inenarrável/narrada” encontramos claramente um processo de derivação. Em “disfarçar/farçar”, temos a sugestão de um processo semelhante, embora ’farçar’ não conste dos dicionários modernos.

  1. a) Relacione o significado de ’inenarrável’ com o processo de sua formação; e o de ’farçar’, na relação sugerida no poema, com ’disfarçar’.

  2. b) Explique como esses processos contribuem na construção dos sentidos dessa estrofe.

O texto abaixo é extraído de artigo jornalístico no qual se comparam duas notícias que chamaram a atenção da imprensa brasileira no mês de outubro de 2007: de um lado, o caso entre o senador Renan Calheiros e a jornalista Mônica Veloso; de outro, o artigo em que o apresentador de TV Luciano Huck expressa sua indignação contra o roubo de seu relógio Rolex.

Aparentemente, o que aproxima todos esses personagens é a disputa por um objeto de desejo. No caso dos assaltantes de Huck, por estar no pulso de um "bacana”, mais que um relógio, o objeto em questão aparece como um equivalente geral que pode dar acesso a outros objetos (...). Presente de sua mulher, a igualmente famosa apresentadora global Angélica, um relógio desse calibre é sinal de prestígio, indicando um lugar social que, no Brasil, costuma "abrir portas” raras vezes franqueadas à maior parte da população. (...) Mais afinado com as tradições patriarcais de seu estado natal, Renan aparece nos noticiários, bem de acordo com a chamada "preferência nacional” dos anúncios de cerveja. Daí que não seja possível, em ambos os episódios, associar os casos em questão àquele “obscuro objeto de desejo” que dá título a um dos mais instigantes filmes de Luís Bunuel. Tratava-se, para o cineasta, de mostrar como um desejo singular, único, podia engendrar um objeto de grande opacidade. Em direção oposta, tanto na parceria Calheiros/Veloso, quanto no confronto Huck/assaltantes, há uma espécie de exibição ostensiva dos objetos em jogo, como que marcando a coincidência de desejos que perderam sua singularidade para cair na vala comum das banalidades.

(Adaptado de Eliane Robert Moraes, Folha de São Paulo, 14/10/2007, grifos nossos.)

  1. a) Um dos usos de aspas é o de destacar elementos no texto. Explique a finalidade desse destaque nas seguintes expressões presentes no texto: "bacana”, "abrir portas” e "preferência nacional”.

  2. b) No caso de "obscuro objeto de desejo”, as aspas marcam o título de um filme de Bunuel. Explique como a referência a esse título estabelece uma oposição fundamental para a argumentação do texto.’

Carregando...