UNESP 2004 Português - Questões

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INSTRUÇÃO: Leia o texto seguinte e responda a questão

E existe um povo que a bandeira empresta

P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria!...

Meu Deus! meu Deus! Mas que bandeira é esta.

Que impudente na gávea tripudia?!...

Silêncio!... Musa! Chora, chora tanto

Que o pavilhão se lave no seu pranto...

Auriverde pendão de minha terra,

Que a brisa do Brasil beija e balança,

Estandarte que a luz do sol encerra,

E as promessas divinas da esperança...

Tu, que da liberdade após a guerra,

Foste hasteado dos heróis na lança,

Antes te houvessem roto na batalha,

Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga,

Como um íris no pélago profundo!...

... Mas é infâmia demais... Da etérea plaga

Levantai-vos, heróis do Novo Mundo...

Andrada! Arranca este pendão dos ares!

Colombo! Fecha a porta de teus mares!

(Castro Alves, Navio negreiro.)

Nessas três estrofes que encerram o poema de Castro Alves, o poeta (enunciador do texto) mantém um tom de indignação diante do que vê, qual seja, a cena de negros sendo transportados desumanamente em um navio para serem vendidos como escravos. Com base nisso, responda:

  1. a) Na 1$\ ^{a}$ estrofe, quais são as duas palavras por meio das quais o enunciador caracteriza a cena que vê?

  2. b) Ainda na 1$\ ^{a}$ estrofe, por que o enunciador refere-se à bandeira? Por que motivo caracteriza-a como manto impuro de bacante fria, no 4$\ ^\circ$ verso dessa mesma estrofe?

INSTRUÇÃO: Leia o texto seguinte e responda a questão

E existe um povo que a bandeira empresta

P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria!...

Meu Deus! meu Deus! Mas que bandeira é esta.

Que impudente na gávea tripudia?!...

Silêncio!... Musa! Chora, chora tanto

Que o pavilhão se lave no seu pranto...

Auriverde pendão de minha terra,

Que a brisa do Brasil beija e balança,

Estandarte que a luz do sol encerra,

E as promessas divinas da esperança...

Tu, que da liberdade após a guerra,

Foste hasteado dos heróis na lança,

Antes te houvessem roto na batalha,

Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga,

Como um íris no pélago profundo!...

... Mas é infâmia demais... Da etérea plaga

Levantai-vos, heróis do Novo Mundo...

Andrada! Arranca este pendão dos ares!

Colombo! Fecha a porta de teus mares!

(Castro Alves, Navio negreiro.)

Na 2$\ ^{a}$ estrofe, o enunciador do texto identifica o povo a quem pertence a bandeira que está hasteada na gávea (mastro real) do navio. Tomando por base essa 2$\ ^{a}$ estrofe:

  1. a) Identifique dois sinônimos empregados pelo enunciador em substituição ao vocábulo “bandeira”. Identifique ainda um terceiro termo, em sentido metafórico, empregado para designar e qualificar a mesma bandeira.

  2. b) Que figura de linguagem é utilizada pelo poeta no 2$\ ^\circ$ verso dessa estrofe? Em que consiste essa figura?

INSTRUÇÃO: Leia o texto seguinte e responda a questão

E existe um povo que a bandeira empresta

P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria!...

Meu Deus! meu Deus! Mas que bandeira é esta.

Que impudente na gávea tripudia?!...

Silêncio!... Musa! Chora, chora tanto

Que o pavilhão se lave no seu pranto...

Auriverde pendão de minha terra,

Que a brisa do Brasil beija e balança,

Estandarte que a luz do sol encerra,

E as promessas divinas da esperança...

Tu, que da liberdade após a guerra,

Foste hasteado dos heróis na lança,

Antes te houvessem roto na batalha,

Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga,

Como um íris no pélago profundo!...

... Mas é infâmia demais... Da etérea plaga

Levantai-vos, heróis do Novo Mundo...

Andrada! Arranca este pendão dos ares!

Colombo! Fecha a porta de teus mares!

(Castro Alves, Navio negreiro.)

Na última estrofe do poema, o sujeito enunciador condena o brigue (antigo navio a velas) que transporta os negros escravos em direção ao Brasil. Para tanto, faz referência a fatos históricos. Partindo dessa ideia, responda:

  1. a) Qual é a relação, segundo o poeta, entre o navio negreiro e as naus de Colombo?

  2. b) Quem o poeta invoca para agir diante do que vê? O que pede para fazerem?

Leia o texto seguinte e responda a questão

- Mulato!

Esta só palavra explicava-lhe agora todos os mesquinhos escrúpulos, que a sociedade do Maranhão usara para com ele. Explicava tudo: a frieza de certas famílias a quem visitara; a conversa cortada no momento em que Raimundo se aproximava; as reticências dos que lhe falavam sobre os seus antepassados; a reserva e a cautela dos que, em sua presença, discutiam questões de raça e de sangue; a razão pela qual D. Amância lhe oferecera um espelho e lhe dissera: “Ora mire-se!” a razão pela qual diante dele chamavam de meninos os moleques da rua. Aquela simples palavra dava-lhe tudo o que ele até aí desejara e negava-lhe tudo ao mesmo tempo, aquela palavra maldita dissolvia as suas dúvidas, justificava o seu passado; mas retirava-lhe a esperança de ser feliz, arrancava-lhe a pátria e a futura família; aquela palavra dizia–lhe brutalmente: “Aqui, desgraçado, nesta miserável terra em que nasceste, só poderás amar uma negra da tua laia! Tua mãe, lembra-te bem, foi escrava! E tu também o foste!”

- Mas, replicava-lhe uma voz interior, que ele mal ouvia na tempestade do seu desespero; a natureza não criou cativos! Tu não tens a menor culpa do que fizeram os outros, e no entanto és castigado e amaldiçoado pelos irmãos daqueles justamente que inventaram a escravidão no Brasil!

E na brancura daquele caráter imaculado brotou, esfervilhando logo, uma ninhada de vermes destruidores, onde vinham o ódio, a vingança, a vergonha, o ressentimento, a inveja, a tristeza e a maldade. E no círculo do seu nojo, implacável e extenso, entrava o seu país, e quem este primeiro povoou, e quem então e agora o governava, e seu pai, que o fizera nascer escravo, e sua mãe que colaborara nesse crime. “Pois então de nada lhe valia ter sido bem educado e instruído; de nada lhe valia ser bom e honesto?... Pois naquela odiosa província, seus conterrâneos veriam nele, eternamente, uma cria-tu-ra desprezível, a quem repelem todos do seu seio?...” E vinham-lhe então, nítidas à luz crua do seu desalento, as mais rasteiras perversidades do Maranhão; as conversas de porta de botica, as pequeninas intrigas que lhe chegavam aos ouvidos por intermédio de entes ociosos e abjetos, a que ele nunca olhara senão com desprezo. E toda essa miséria, toda essa imundícia, que até então se lhe revelava aos bocadinhos, fazia agora uma grande nuvem negra no seu espírito, porque, gota a gota, a tempestade se formara. E, no meio desse vendaval, um desejo crescia, um único, o desejo de ser amado, de formar uma família, um abrigo legítimo, onde ele se escondesse para sempre de todos os homens.

(Aluísio Azevedo, O mulato.)

O trecho do romance de Aluísio Azevedo revela a surpresa e a revolta de Raimundo ao saber que é filho de uma escrava, quando pede explicações de seu tio, Manuel Pedro da Silva, a respeito do motivo pelo qual lhe havia sido recusado o pedido de casamento com Ana Rosa, filha de Manuel.

  1. a) Qual é a palavra empregada por Manuel para caracterizar Raimundo e que lhe causa tamanho estupor? O que ela significa?

  2. b) Por que a personagem Raimundo diz, no 2$\ ^\circ$parágrafo, que, a partir do momento em que sabe a verdade, entende a atitude das famílias de origem portuguesa com quem se relacionou ao chegar à cidade de São Luís?

Leia o texto seguinte e responda a questão

- Mulato!

Esta só palavra explicava-lhe agora todos os mesquinhos escrúpulos, que a sociedade do Maranhão usara para com ele. Explicava tudo: a frieza de certas famílias a quem visitara; a conversa cortada no momento em que Raimundo se aproximava; as reticências dos que lhe falavam sobre os seus antepassados; a reserva e a cautela dos que, em sua presença, discutiam questões de raça e de sangue; a razão pela qual D. Amância lhe oferecera um espelho e lhe dissera: “Ora mire-se!” a razão pela qual diante dele chamavam de meninos os moleques da rua. Aquela simples palavra dava-lhe tudo o que ele até aí desejara e negava-lhe tudo ao mesmo tempo, aquela palavra maldita dissolvia as suas dúvidas, justificava o seu passado; mas retirava-lhe a esperança de ser feliz, arrancava-lhe a pátria e a futura família; aquela palavra dizia–lhe brutalmente: “Aqui, desgraçado, nesta miserável terra em que nasceste, só poderás amar uma negra da tua laia! Tua mãe, lembra-te bem, foi escrava! E tu também o foste!”

- Mas, replicava-lhe uma voz interior, que ele mal ouvia na tempestade do seu desespero; a natureza não criou cativos! Tu não tens a menor culpa do que fizeram os outros, e no entanto és castigado e amaldiçoado pelos irmãos daqueles justamente que inventaram a escravidão no Brasil!

E na brancura daquele caráter imaculado brotou, esfervilhando logo, uma ninhada de vermes destruidores, onde vinham o ódio, a vingança, a vergonha, o ressentimento, a inveja, a tristeza e a maldade. E no círculo do seu nojo, implacável e extenso, entrava o seu país, e quem este primeiro povoou, e quem então e agora o governava, e seu pai, que o fizera nascer escravo, e sua mãe que colaborara nesse crime. “Pois então de nada lhe valia ter sido bem educado e instruído; de nada lhe valia ser bom e honesto?... Pois naquela odiosa província, seus conterrâneos veriam nele, eternamente, uma cria-tu-ra desprezível, a quem repelem todos do seu seio?...” E vinham-lhe então, nítidas à luz crua do seu desalento, as mais rasteiras perversidades do Maranhão; as conversas de porta de botica, as pequeninas intrigas que lhe chegavam aos ouvidos por intermédio de entes ociosos e abjetos, a que ele nunca olhara senão com desprezo. E toda essa miséria, toda essa imundícia, que até então se lhe revelava aos bocadinhos, fazia agora uma grande nuvem negra no seu espírito, porque, gota a gota, a tempestade se formara. E, no meio desse vendaval, um desejo crescia, um único, o desejo de ser amado, de formar uma família, um abrigo legítimo, onde ele se escondesse para sempre de todos os homens.

(Aluísio Azevedo, O mulato.)

Logo após a morte de seu irmão, pai de Raimundo, Manuel Pedro enviou o então menino para Portugal para que fosse criado lá. Raimundo formou-se em direito na universidade de Coimbra, sendo considerado excelente aluno.

  1. a) Que passagem do texto mostra que o preconceito racial era superior ao reconhecimento de sua formação e caráter?

  2. b) Diante da situação aflitiva em que se encontrava, ao entender que era alvo de preconceito e que seu futuro seria a infelicidade, que sentimento passa a se apoderar de Raimundo?

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