ENEM 2006 Português - Questões
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Namorados
O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
— Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com a sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
— Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listrada? A moça se lembrava:
— A gente fica olhando… A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
— Antônia, você parece uma lagarta listrada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
— Antônia, você é engraçada! Você parece louca.
BANDEIRA, Manuel. Poesia completa & prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.
No poema de Bandeira, importante representante da poesia modernista, destaca-se como característica da escola literária dessa época
As linhas nas duas figuras geram um efeito que se associa ao seguinte ditado popular:
Erro de Português
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio Que pena!
Fosse uma manhã de Sol
O índio tinha despido
O português
ANDRADE, Oswald de. Poesias reunidas. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 1978.
O primitivismo observável no poema acima, de Oswald de Andrade, caracteriza de forma marcante
Depois de um bom jantar: feijão com carne-seca, orelha de porco e couve com angu, arroz-mole engordurado, carne de vento assada no espeto, torresmo enxuto de toicinho da barriga, viradinho de milho verde e um prato de caldo de couve, jantar encerrado por um prato fundo de canjica com torrões de açúcar, Nhô Tomé saboreou o café forte e se estendeu na rede. A mão direita sob a cabeça, à guisa de travesseiro, o indefectível cigarro de palha entre as pontas do indicador e do polegar, envernizados pela fumaça, de unhas encanoadas e longas, ficou-se de pança para o ar, modorrento, a olhar para as ripas do telhado.
Quem come e não deita, a comida não aproveita, pensava Nhô Tomé… E pôs-se a cochilar. A sua modorra durou pouco: Tia Policena, ao passar pela sala, bradou assombrada:
— Êêh! Sinhô! Vai drumi agora? Não! Num presta… Dá pisadêra e póde morrê de ataque de cabeça! Depois do armoço num far-má… mais despois da janta?!”
PIRES, Cornélio. Conversas ao pé do fogo. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1987.
Nesse trecho, extraído de texto publicado originalmente em 1921, o narrador
Aula de português
A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando o amazonas de minha ignorância
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a priminha.
O português são dois, o outro, mistério.
ANDRADE. Carlos Drummond de.Esquecer para lembrar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.
Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta expressa o contraste entre marcas de variação de usos da linguagem em
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