Depois de um bom jantar: feijão com carne-seca, orelha de porco e couve com angu, arroz-mole engordurado, carne de vento assada no espeto, torresmo enxuto de toicinho da barriga, viradinho de milho verde e um prato de caldo de couve, jantar encerrado por um prato fundo de canjica com torrões de açúcar, Nhô Tomé saboreou o café forte e se estendeu na rede. A mão direita sob a cabeça, à guisa de travesseiro, o indefectível cigarro de palha entre as pontas do indicador e do polegar, envernizados pela fumaça, de unhas encanoadas e longas, ficou-se de pança para o ar, modorrento, a olhar para as ripas do telhado.
Quem come e não deita, a comida não aproveita, pensava Nhô Tomé… E pôs-se a cochilar. A sua modorra durou pouco: Tia Policena, ao passar pela sala, bradou assombrada:
— Êêh! Sinhô! Vai drumi agora? Não! Num presta… Dá pisadêra e póde morrê de ataque de cabeça! Depois do armoço num far-má… mais despois da janta?!”
PIRES, Cornélio. Conversas ao pé do fogo. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1987.
Nesse trecho, extraído de texto publicado originalmente em 1921, o narrador