O texto a seguir narra um episódio exemplar da expansão econômica americana no Brasil, evidenciando a visão etnocêntrica da imprensa da época:

Em 1927, o governo do Pará cedeu a Henry Ford um milhão de hectares para o plantio de seringueiras. A Ford Motor Company precisava da borracha para fazer seus pneus, e os altos custos da importação de látex da Ásia pareciam uma boa razão para tal investimento em plena floresta amazônica. No caso de Ford, que tinha à sua disposição todos os recursos do mundo industrial, os jornalistas não tinham dúvida a respeito do resultado e falavam de sua missão civilizadora numa linguagem cheia de expectativa. A Revista Times relatou que Ford pretendia aumentar todos os anos suas plantações de seringueiras “até que toda a selva esteja industrializada”, saudada pelos habitantes da floresta: “logo as jiboias virão, os macacos farão um grande alarido. Índios armados com pesadas lâminas liquidarão seus antigos perseguidores para abrir caminho para limpadores de parabrisas, tapetes e pneus”. Ford estava levando a “magia do homem branco para o mundo selvagem”, escreveu o Washington Post, “pretendendo produzir não apenas borracha, mas também os itens para os quais ela era a matéria-prima”.

(Adaptado de: GRANDIN, Greg. Fordlândia: a ascensão e queda da cidade esquecida de Henry Ford na selva. Rio de Janeiro: Rocco, 2010. p.18.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a industrialização no Brasil, explique as consequências dessas transformações econômicas e culturais.