Leia atentamente o texto do século XVIII:
“É reparo singular dos que contemplam as cousas naturais ver que as que são de maior proveito ao gênero humano não se reduzem à perfeição sem passarem primeiro por notáveis apertos [...] o vemos na fábrica de açúcar, o qual, desde o primeiro instante de se plantar, até chegar às mesas e passar entre os dentes a sepultar-se no estômago dos que o comem, leva uma vida cheia de tais e tantos martírios que os que inventaram os tiranos lhes não ganham vantagem. [...] E, ainda assim, sempre doce e vencedor de amarguras, vai dar gosto ao paladar dos seus inimigos nos banquetes, saúde nas mezinhas aos enfermos e grandes lucros aos senhores de engenho e aos lavradores que o perseguiram e aos mercadores que o compraram e o levaram degredado nos portos e muito maiores emolumentos à Fazenda Real nas alfândegas.”
(ANTONIL, A. J. Cultura e opulência do Brasil. São Paulo: Itatiaia/ EDUSP, 1982. p. 143-5.)
Considere as afirmativas a seguir:
I. O texto descreve o empreendimento colonial nas Américas, destacando os maus tratos pelos quais passam os trabalhadores no cultivo do açúcar, em especial no Brasil e nas Antilhas.
II. É possível caracterizar a produção açucareira como um dos primeiros empreendimentos fabris no Brasil, dada a complexidade do processo que vai do plantio da cana até o produto final.
III. A prosa colonial, na pena de Antonil, pode ser caracterizada como barroca na medida em que se interessa pelos lucros do empreendimento econômico, no caso do comércio do açúcar.
IV. O fetichismo da mercadoria ocupa o primeiro plano do discurso, revelando a mentalidade mercantil do autor que se interessa pela produção e comercialização do açúcar.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas.