Segundo Octavio Ianni, na América Latina

“(...) a debilidade da sociedade civil manifesta-se significativamente nos partidos políticos. Devido à precariedade da cultura política do povo, sua escassa vivência do jogo político formal, tendo em conta a prevalência do público sobre o privado, os partidos pouco representam, enquanto instituições políticas intermediárias, por meio das quais articulam-se os cidadãos e o Estado. Os partidos, ao longo da história latino-americana, seriam personalistas, caudilhescos, clientelísticos. Tanto os antigos como os recentes, à direita, no centro e à esquerda. Seriam pouco estruturados, sujeitos à influência de personalidades fortes, coloridas, demagógicas, carismáticas. Nos processos eleitorais e nos governos, nos poderes executivo e legislativo, em geral predominam chefes, caudilhos, caciques, coronéis, gamonales ou oligarcas; em lugar de programas, plataformas. O clientelismo, favoritismo, paternalismo, cartorialismo subsistem além do interesse público. Os partidos podem chamar-se liberais, conservadores, blancos, colorados, autênticos, ortodoxos, radicais, trabalhistas, justicialistas, nacionalistas e outras denominações, mas tendem a ser oligárquicos, personalistas, caudilhescos (...) Aos poucos, impõe-se a ideia do Estado forte como indispensável à organização e ao desenvolvimento da sociedade. Diante das limitações desta, do povo, cidadão, grupos, classes, movimentos sociais, partidos políticos, impõe-se a urgência da vigência do Estado abrangente, forte, desenvolvimentista, industrializador, modernizante, dirigente. Como a análise da sociedade civil é insatisfatória, reifica-se o Estado.”

(Fonte: IANNI, O. O labirinto latino-americano. Petrópolis: Vozes, 1993, p.20.)

Com base no texto é correto afirmar que: