“Efectivamente, um bom poeta, se quiser produzir um bom poema sobre o assunto que quer tratar, tem de saber o que vai fazer, sob pena de não ser capaz de o realizar. Temos, pois, de examinar se essas pessoas não estão a ser ludibriadas pelos imitadores que se lhes depararam, e, ao verem as suas obras, não se apercebem de que estão três pontos afastados do real, pois é fácil executá-las mesmo sem conhecer a verdade, porquanto são fantasmas e não seres reais o que eles representam; ou se tem algum valor o que eles dizem, e se, na realidade, os bons poetas têm aqueles conhecimentos que, perante a maioria, parecem expor tão bem.”

(PLATÃO. A República. Trad. Maria Helena da Rocha Pereira. 7. ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, s.d., p. 458.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a mímesis em Platão, considere as afirmativas a seguir.

  1. I. Platão faz críticas aos poetas que imitam o que não conhecem e dão ouvidos à multidão ignorante, permanecendo, dessa forma, distantes três graus da verdade representada pela idéia.

  2. II. Apesar de criticar a poesia imitativa, Platão abre uma exceção para Homero, por considerar a totalidade da sua poesia como materialização plena da verdade em primeiro grau e, portanto, benéfica para a educação dos cidadãos.

  3. III. Escrever um bom poema implica seguir uma determinada métrica e os conhecimentos do mundo sensível, representando os homens iguais, melhores ou piores do que eles são.

  4. IV. Por não estarem em sintonia com a cidade ideal, Platão exclui os poetas que se limitam somente à arte de imitar e, por esse motivo, ao visitarem a cidade, serão aconselhados a seguir adiante.

Estão corretas apenas as afirmativas: