Texto 1

“Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena casarmo-nos

Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.

Mais vale passar silenciosamente

E sem desassossegos grandes.

[...]

E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,

Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.

Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim – à beira-rio,

Pagã triste e com flores no regaço.”

PESSOA, Fernando. Obra Poética. Rio de Janeiro: Aguilar, 1965. p. 257 - sob o heterônimo de Ricardo Reis.

Texto 2

“Depois que nos ferir a mão da morte,

Ou seja neste monte, ou noutra serra,

Nossos corpos terão, terão a sorte

De consumir os dous a mesma terra.

Na campa, rodeada de ciprestes,

Lerão estas palavras os Pastores:

‘Quem quiser ser feliz nos seus amores,

Siga os exemplos que nos deram estes’.”

GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. In: PROENÇA FILHO, Domício (Org.). A poesia dos Inconfidentes. Rio de Janeiro: Aguilar, 1966. Lira I, p. 573.

óbolo: esmola

Em relação aos textos acima, é correto afirmar: