De frente pro crime
“Tá lá o corpo estendido no chão
Em vez de rosto uma foto de um gol
Em vez de reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém
O bar mais perto depressa lotou
Malandro junto com trabalhador
Um homem subiu na mesa do bar
E fez discurso pra vereador
E veio o camelô vender
Anel, cordão, perfume barato
Baiana pra fazer pastel
E um bom churrasco de gato
Quatro horas da manhã
Baixou um santo na porta bandeira
E a moçada resolveu
Parar, e então
Tá lá o corpo estendido no chão
Em vez de rosto uma foto de um gol
Em vez de reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém
Depressa foi cada um pro seu lado
Pensando numa mulher ou no time
Olhei o corpo no chão e fechei
Minha janela de frente pro crime....”
(BLANC, Aldir; BOSCO, João. Caça à Raposa. Rio de Janeiro: Gravadora RCA Victor, 1975, L.A.)
Embora seja apresentado na forma de obra musical, esse texto produz a impressão de tratar-se do relato de uma notícia de jornal. Com base nisso, considere as afirmações:
I) O relato é feito por alguém que não se envolve diretamente com os acontecimentos.
II) O texto denuncia a insensibilidade das pessoas diante da morte.
III) A composição apresenta linguagem formal e objetiva.
IV) O texto é taxativo ao dizer que brasileiro só pensa em mulher e futebol.
Estão corretas somente: