“(...) Nada de postiço, meloso, artificial, arrevesado, precioso: queremos escrever com sangue – que é humanidade; com eletricidade – que é movimento, expressão dinâmica do século; violência – que é energia bandeirante. Assim nascerá uma arte genuinamente brasileira, filha do céu e da terra, do homem e do mistério (...). Por que não atualizarmos nossa arte, cantando essas Ilíadas Brasileiras? Paremos diante da tragédia hodierna, a cidade tentacular radica seus gânglios numa área territorial que abriga 600 mil almas. Há na angústia e na glória de sua luta odisséias mais formidáveis que as contou o aedo cego (...) Tudo isso – e o automóvel, os fios elétricos, as usinas, os aeroplanos, a arte – tudo isso forma os nossos elementos da estética moderna, fragmentos de pedra em que construiremos, dia a dia, a Babel do nosso Sonho, no nosso desespero de exilados de um céu que fulge lá em cima, para o qual galgamos na ânsia devoradora de tocar com as mãos as estrelas.”

(Pales tra de Menotti de Picchia no segundo dia da Semana de Arte Moderna, em São Paulo (1922). Apud SEVCENKO, Nicolau. Orfeu estático na metrópole: São Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 269-270.)

Menotti del Picchia, na Semana de Arte Moderna, condensa em seu discurso os anseios dos modernistas brasileiros. Assinale a alternativa correta.