O Marquês de Pombal, na Carta Secretíssima ao governador-geral Gomes Freire de Andrada, expôs suas ambições e intenções de realizar reformas no governo do Brasil (1750-1777): “Como o poder e riqueza de todos os países consistem principalmente no número e na multiplicação das pessoas que habitam, esse número e multiplicação de pessoas é mais indispensável agora nas fronteiras do Brasil, para suas defesas.” Como não era “humanamente possível” obter essa quantidade de pessoas necessárias do reino ou das ilhas adjacentes (Açores e Madeira) sem converter essas regiões “completamente em desertos”, era essencial abolir “todas as diferenças entre índios e portugueses”, visando atrair os índios das missões uruguaias e encorajar o casamento deles com europeus”. A Carta instruía o governador para que mantivesse o controle da Colônia até as missões serem evacuadas e estarem dentro de terras portuguesas.
(Carta Secretíssima de Pombal a Gomes Freire de Andrada (...), Lisboa, 21 set. 1751. Apud. MAXWELL, Kenneth. Marquês de Pombal: paradoxo do iluminismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. p. 53.)
Sobre o tema, considere as seguintes afirmativas:
I) As instruções contidas na Carta significaram, na prática, a supressão do domínio religioso jesuítico sobre a fronteira e o fim da proteção dos índios pelos jesuítas.
II) A carta atribui às missões a responsabilidade pela dizimação e fuga dos indígenas, que transformaram as fronteiras ao sul com a América espanhola em verdadeiros desertos populacionais.
III) Ao abolir “todas as diferenças entre índios e portugueses”, Pombal recomenda a miscigenação como mecanismo para estender o povoamento e o domínio português aos territórios de fronteira sob domínio espanhol.
IV) No governo de Pombal, o grande complexo de missões jesuíticas portuguesas e espanholas contribuiu para assegurar o futuro da América Portuguesa, por intermédio da imigração européia em larga escala.
Assinale a alternativa correta.