Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
(...)
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Confidência do Itabirano. In: Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 101.)
CHE GUEVARA (1967)
Que boina, que belo, que barba...
Que sonho, que sanha, que santo...
O olhar que, na foto célebre,
escruta ao longe, e espreita, e espia,
confirma-o como inigualável
sentinela da utopia.
(...)
CHE GUEVARA (2001)
É apenas um pôster
na parede.
Mas como dói.
(TOLEDO, Renato Pompeu de. Epigramário dos náufragos dos anos 60, Veja, 21/2/2001, p. 150.)
Comparando-se o início dos textos dos dois autores, observa-se que: