Texto I

Ao longo do sereno

Tejo, suave e brando,

Num vale de altas árvores sombrio,

Estava o triste Almeno

Suspiros espalhando

Ao vento, e doces lágrimas ao rio.

(Luís de Camões, Ao longo do sereno.)

Texto II

Bailemos nós ia todas tres, ay irmanas,

so aqueste ramo destas auelanas

e quen for louçana, como nós, louçanas,

se amigo amar,

so aqueste ramo destas auelanas

uerrá baylar.

(Aires Nunes. In Nunes, J. J., Crestomatia arcaica.)

Texto III

Tão cedo passa tudo quanto passa!

morre tão jovem ante os deuses quanto

Morre! Tudo é tão pouco!

Nada se sabe, tudo se imagina.

Circunda-te de rosas, ama, bebe

E cala. O mais é nada.

(Fernando Pessoa, Obra poética.)

Texto IV

Os privilégios que os Reis

Não podem dar, pode Amor,

Que faz qualquer amador

Livre das humanas leis.

mortes e guerras cruéis,

Ferro, frio, fogo e neve,

Tudo sofre quem o serve.

(Luís de Camões, Obra completa.)

Texto V

As minhas grandes saudades

São do que nunca enlacei.

Ai, como eu tenho saudades

Dos sonhos que não sonhei!...)

(Mário de Sá Carneiro, Poesias.)

Finalmente, assimilando o movimento geral das ideias e da arte renascentista, não sentiram os portugueses necessidade de interromper a linha de evolução de suas mais peculiares e vigorosas forças criadoras, definidas durante alguns séculos de Idade Média: deste modo, ao lado do homem português que se expressava no que assumia de espírito clássico, colocou-se, naturalmente, o homem português que traduzia forte personalidade de raízes nacionais e tradicionais. (Grifo nosso.)

(Antonio S. Amora, Presença da literatura portuguesa — II — Era Clássica.)

Estas observações aplicam-se aos textos indicados em: