Texto II
Economia de palavras: um mal do século
O uso abusivo do coloquialismo na linguagem oral, (11)especialmente entre os jovens(12), abre a polêmica entre os filólogos. Para uns, há uma dificuldade cada vez maior na expressão do pensamento. Para outros, o mais importante é se fazer entender pelo interlocutor.
Sétimo idioma mais falado no mundo, o português(01) continua sendo (15)um insondável mistério para(16) a maioria absoluta de seus usuários. Os números comprovam: o brasileiro utiliza, em média, bem menos de um por cento das cerca de duzentas e sessenta mil palavras existentes na língua. A estimativa é do filólogo Antônio Houaiss, que constata com tristeza o empobrecimento da linguagem ao longo dos anos. Segundo ele, (05)as novas gerações têm(02) demonstrado uma dificuldade(06) cada vez maior para articular (19)o pensamento, (09)pois não conseguem exprimir o que pensam(10)(20). Opinião semelhante à do gramático Napoleão Mendes de Almeida, para quem o uso da linguagem coloquial incentiva a preguiça. Houaiss, 78 anos, e Napoleão, 84 anos, são os principais guardiões da integridade do vernáculo no País(03). (07)Outro especialista, (27)o professor de filologia e língua portuguesa(28) da USP, Dino Pretti, atua em outra linha(08). Para ele, o falante culto não é aquele que domina perfeitamente todas as regras (21)gramaticais, mas sim aquele que(22) consegue adaptar o seu nível de linguagem de acordo (25)com seu interlocutor, mesmo que isso resulte(26) em agressões ocasionais ao vernáculo.
Antônio Houaiss traz na ponta da língua(04) duas explicações para a dificuldade de articulação a que se refere: o abandono do setor educacional do País e os baixos salários dos professores.
- Não há dúvida que a juventude urbana de hoje, como um todo, revela um relativo empobrecimento no uso da língua e de seu vocabulário. E isso por uma razão muito simples: nunca no Brasil o ensino primário, que é a base desta linguagem, (17)foi tão torpe quanto está sendo(18).
Naturalmente, para as meras relações de amor, de comer, de locomover-se, é possível se comunicar com um número reduzido de palavras. (23)Mas, à medida que (13)os jovens tiverem(24) que entrar no(14) mercado de trabalho, e numa função relativamente qualificada, os horizontes verbais e gramaticais terão que se ampliar.
(Parte da reportagem da revista Prodoctor, p. 42, 1995)
Assinale a opção que apresenta o valor semântico correto para os termos destacados.