TEXTO 3

(03) Das opções políticas à escolha do creme que se usa no rosto, as decisões que tomamos agora parecem carregadas de implicações morais.(04) Temos, desde os gregos, quase trinta séculos de pensamento sobre ética. (05) E, se isso nem de longe resolve problemas que vão da organização familiar à pesquisa científica, não é apenas porque hoje há dilemas com os quais não se sonhava em Atenas: todo sistema moral sempre será insuficiente perante a realidade.(06) Hoje,(07) quando a filosofia é uma disciplina acadêmica, perdemos a ideia de completude que ela representava no mundo pagão antigo.(08) Em Pursuits of Wisdom, um belo panorama do pensamento ético da antiguidade, John Cooper, da Universidade Princeton, lembra que, entre os gregos, a filosofia(09) era antes de tudo um modo de vida, um guia para a virtude e a felicidade.(10) (11)E, que lindo, não se concebia que pudesse haver felicidade sem virtude.(12) (...) Na filosofia moderna, o foco especializado dos pensadores da ética saiu do sujeito e de suas virtudes (ou falta delas) para se focar em ações: é certo ou errado comer carne, ou usar o carro para ir ao trabalho todo dia? (01) Mas a sabedoria fundamental – no sentido mais substantivo desse adjetivo - da filosofia grega é incontornável.(02) Marco Zingano, professor do Departamento de Filosofia da USP, lembra que a ética das virtudes, proposta sobretudo por Aristóteles, tem uma relevância especial hoje: “Uma ideia cara à ética das virtudes é que as decisões devem ser tomadas em função das circunstâncias, a partir de uma certa sensibilidade moral.” (13) Nessa concepção, somos, cada um de nós, agentes morais: todas as decisões éticas são tomadas em primeira pessoa, e é inadmissível que a voz de um agente moral seja usurpada.(14)

Veja, dezembro de 2013, edição 2353 (adaptado).

A partir da leitura do texto 3, infere-se que, da antiguidade aos dias de hoje, o homem