TEXTO 1

O jeitinho brasileiro

Não há sistema que impeça a aplicação da “Lei de Gérson”.

A propaganda de cigarros com o jogador Gérson, nos anos 70, cultuava a mentalidade de tirar vantagem em tudo. A filosofia mais vívida no povo brasileiro, eternizada em sambas de Bezerra da Silva, é a de que malandro é malandro, mané é mané. (01)

(02) A cultura de passar os outros para trás é uma característica tão marcante dos brasileiros (04) que deixou as carpetas de jogos e transferiu-se para a prática quase diária, tornando-se mundialmente famosa. (03) O jeitinho brasileiro é um selo de marca registrada, tornou-se uma forma de fazer as coisas(05) da maneira mais fácil, menos trabalhosa e que, às vezes, traz algum retorno.

O problema (06) é que o jeitinho se transferiu para o âmbito jurídico e fez do Brasil o país das leis que não são cumpridas. Até mesmo a Constituição aplaude a malandragem. O cidadão não é obrigado a produzir provas contra si mesmo. O maior exemplo é a Lei Seca, elaborada para acabar com o estratosférico número de mortes no trânsito, causado, comprovadamente, por embriaguez ao volante. Foi preciso chegar ao rigor zero para que a lei seja cumprida, mas, ainda assim, a Procuradoria-Geral da União contesta no Supremo Tribunal, alegando que é inconstitucional.

Há quem considere, no entanto, que (07) o jeitinho brasileiro nem sempre é uma coisa “ruim”. Há alguns anos, era muito comum a comercialização das fichas de passagens do transporte coletivo. As transações nas paradas de ônibus viraram uma prática quase profissional, o que garantia renda para alguns ambulantes. Os que negociavam vale-transporte dessa forma viam, na venda, uma alternativa para fomentar os salários, (08) que até hoje estão aquém das necessidades da população. A implantação de um sistema de cartão de crédito com passagens não evitou o comércio por muito tempo, e a prática está novamente na rua. O jeitinho brasileiro é isto: procurar uma falha no sistema e usá-la a seu favor.

(http://www.iornalminuano.com.br/noticia.php?id=85504&data=15/03/2013&ok=1 Editorial acessado em 17 de março de 2013 (adaptado))

TEXTO 2

Urbanistas da Índia querem importar “jeitinho brasileiro” para favelas de Mumbai

Urbanistas ficaram empolgados com coisas que viram em Paraisópolis.

(01) Um grupo de arquitetos da Índia quer levar algumas lições aprendidas nas favelas brasileiras para Mumbai para melhorar as condições de moradia em regiões pobres da cidade indiana. (02)

(03) Arquitetos e urbanistas do Institute for Urbanology - uma fundação dedicada à pesquisa e difusão de ideias de urbanismo, com sede em Mumbai – acreditam que várias iniciativas do governo indiano de reconstruir conjuntos habitacionais acabaram produzindo apenas corrupção, prédios decrépitos e vizinhanças miseráveis. Em alguns casos, as condições de vida dos moradores nos novos blocos até mesmo pioraram quando eles trocaram seus casebres nas favelas por esses novos apartamentos. (04)

Os arquitetos indianos visitaram a favela de Paraisópolis, em São Paulo, e ficaram empolgados com o que viram. Em vez de destruir casebres e construir conjuntos habitacionais novos, a maioria dos moradores da favela deu um “jeitinho” na sua própria casa.

Segundo os profissionais do Institute of Urbanology, isso é muito mais eficaz para melhorar as condições de moradia do que simplesmente destruir favelas inteiras.

(http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/04/120403 favelas mumbai sp dg.shtml)

Sobre as ideias dos dois textos, NÃO é possível afirmar que