Para responder à questão, leia o excerto do poema denominado “Graciliano Ramos”, de João Cabral de Melo Neto.

Falo somente com o que falo:

com as mesmas vinte palavras

girando ao redor do sol

que as limpa do que não é faca:

de toda uma crosta viscosa,

resto de janta abaianada,

que fica na lâmina e cega

seu gosto da cicatriz clara.

Falo somente do que falo:

do seco e de suas paisagens,

Nordestes, debaixo de um sol

ali do mais quente vinagre:

que reduz tudo ao espinhaço,

cresta o simplesmente folhagem,

folha prolixa, folharada,

onde possa esconder-se na fraude.

Falo somente por quem falo:

por quem existe nesses climas

condicionados pelo sol,

pelo gavião e outras rapinas:

e onde estão os solos inertes

de tantas condições caatinga

em que só cabe cultivar

o que é sinônimo da míngua.

Falo somente para quem falo:

quem padece sono de morto

e precisa um despertador

acre, como o sol sobre o olho:

que é quando o sol é estridente,

a contrapelo, imperioso,

e bate nas pálpebras como

se bate numa porta a socos.

  1. I) O poema de João Cabral dialoga com o imaginário acre e violento presente no livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

  2. II) O poema se dirige aos que sofrem com as radicais condições da caatinga nordestina, onde o sol é estridente, atingindo as pálpebras como se bate numa porta a socos.

  3. III) Apesar de todas as adversidades sertanejas, a natureza local possibilita um momento para cultivar uma multiplicidade de alimentos.

A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são: