TEXTO 3

1 Um Maracanã de floresta acaba de desaparecer.
2 Isso desde que você começou a ler este texto, há um
3 segundo. Amanhã, neste mesmo horário, você levará
4 a vida como sempre - esperamos. Mas os integrantes 5 de 137 espécies de plantas, animais e insetos,
6 não.
Eles terão o destino que 50 mil espécies por ano
7 têm: a extinção.
Argumentos como “15 Maracanãs de 8 mata tropical devastados desde o início deste parágrafo” 9 são fortes, mas nem sempre suficientes. Só 10 que existe outro, talvez ainda mais persuasivo: dinheiro
11 não dá em árvore, mas árvore dá dinheiro.

12 Hoje, manter uma floresta em pé é negócio da
13 China.
Em uma área estratégica perto do rio Yang Tsé,
14 o governo chinês paga US450$ aos fazendeiros por 15 hectare reflorestado. O objetivo é conter as enchentes 16 que alteram o fluxo de água do rio. Equilíbrio ecológico, 17 manutenção do ecossistema, mais espécies preservadas, 18 esses são os objetivos do Partido Comunista
19 ? Não. Trata-se de um investimento.

20 O reflorestamento mantém o curso do rio estável 21 e as árvores, sozinhas, aumentam a quantidade de
22 chuva –
as plantas liberam vapor d’água durante a 23 fotossíntese. Resultado: mais água no Yang Tsé. O 24 que isso tem a ver com dinheiro? A água alimenta turbinas 25 das hidrelétricas distribuídas pelo rio – inclusive 26 a megausina de Três Gargantas, 50% maior que Itaipu,
27 que abriu as comportas em 2008.

28 Investindo em reflorestamento, os chineses agem 29 de forma pragmática. Pagar fazendeiros = mais árvores. 30 Mais árvores = mais água no rio. Mais água = 31 mais energia elétrica barata (ainda mais no país que 32 inaugura duas usinas a carvão por semana para dar
33 conta de crescer como cresce). Mais energia
barata, 34 mais produção para a economia - e dinheiro para pagar 35 os reflorestadores.O final dessa equação é surreal
36 para os padrões brasileiros. A
China, nação que mais 37 polui e que mais consome matéria-prima, tem índice
38 de desmatamento zero. Abaixo de zero, até:
eles plantam
39 mais árvores do que derrubam.

(REZENDE, Rodrigo. Revista Superinteressante, março, 2011.)

Analisando algumas passagens do texto, não é correto afirmar que