TEXTO 1
Se não tivéssemos medo, não teríamos nenhum receio de carros em alta velocidade, de animais venenosos e de doenças contagiosas. Tanto nos seres humanos como nos animais, o medo tem por objetivo promover a sobrevivência (01) (06). Com o decorrer do tempo, as pessoas que sentiram medo tiveram mais pressão evolutiva favorável. Hoje, não precisamos mais lutar por nossas vidas na selva, (07) mas o medo está longe de desaparecer, pois continua servindo ao mesmo propósito que servia na época em que nos encontrávamos com um leão enquanto trazíamos água do rio (02) (08). A diferença é que agora carregamos carteiras (03) e andamos pelas ruas da cidade. A decisão de usar ou não aquele atalho deserto à meia-noite é baseada em um medo racional que promove a sobrevivência. Na verdade, o que mudou foram só os estímulos, já que corremos o mesmo risco que corríamos há centenas de anos e nosso medo ainda serve para nos proteger da mesma forma que nos protegia antes (09). A maioria de nós jamais esteve perto da peste Bubônica (10) (epidemia que atacou a Europa na época medieval), mas nosso coração para ao vermos um rato (04). Para o ser humano, além do instinto, também há outros fatores envolvidos no medo (11). O ser humano pode ter o dom da antecipação (13), o que nos faz imaginar coisas terríveis que poderiam acontecer: coisas que ouvimos, lemos ou vemos na TV. A maioria de nós nunca vivenciou um acidente de avião, mas isso não nos impede de (05) sentar em um avião e agarrar firme nos apoios dos braços. A antecipação de um estímulo de medo pode provocar a mesma reação que teríamos se vivêssemos a situação real. (12)
Isso também é um benefício obtido com a evolução.
Disponível em: http://pessoas.hsw.uol.com.br/medo1.htm. 01 set. 2009. (Adaptado.)
TEXTO 2
A coragem (...) só se torna uma virtude (11) quando a serviço de outrem ou de uma causa geral e generosa. Como traço de caráter, a coragem é, sobretudo, uma fraca sensibilidade ao medo, seja por ele ser pouco sentido, seja por ser bem suportado, ou até provocar prazer. É a coragem dos estouvados, dos brigões ou dos impávidos (08), a coragem dos “durões”, como se diz em nossos filmes policiais, e todos sabem que a virtude (02) pode não ter nada a ver com ela.
Isso quer dizer que ela (01) é, do ponto de vista moral, totalmente indiferente? Não é tão simples assim. Mesmo numa situação em que eu (03) agiria apenas por egoísmo (09), pode-se estimar que a ação generosa (18) (por exemplo, o combate contra um agressor, em vez da súplica) manifestará maior domínio, maior dignidade (12), maior liberdade (13), qualidades (14) moralmente significativas e que darão à coragem, como que por retroação, algo (05) de seu valor: sem ser sempre moral, em sua essência, a coragem é aquilo sem o que, não há dúvida, qualquer moral seria impossível ou sem efeito. Alguém (04) que se entregasse totalmente ao medo que lugar poderia deixar aos seus deveres? (...) O medo é egoísta. A covardia é egoísta. (...) Como virtude, ao contrário, a coragem supõe sempre uma forma de desinteresse (07) (16), de altruísmo (07) (10) ou de generosidade (07) (15). Ela não exclui, sem dúvida, uma certa insensibilidade (17) ao medo, até mesmo um gosto por ele. Mas não os (06) supõe necessariamente. Essa coragem não é a ausência do medo, é a capacidade de superá-lo, quando ele existe, por uma vontade mais forte e mais generosa. Já não é (ou já não é apenas) fisiologia, é força de alma, diante do perigo. Já não é uma paixão, é uma virtude, é a condição de todas. Já não é a coragem dos durões, é a coragem dos doces, e dos heróis.
André Comte-Sponville. Pequeno tratado das grandes virtudes. p. 55 a 57. (Adaptado.)
TEXTO 3
Para responder, preencha os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso), considerando as afirmativas sobre o texto 3 e relacionando-as, se for o caso, com as ideias presentes nos textos 1 e 2.
() No primeiro quadrinho, a palavra “hostilidade” está sendo usada com uma conotação positiva.
() O conceito de “ação generosa”, apresentado no texto 2 (18), é exemplificado nos planos das crianças, no segundo quadro do texto 3.
() No terceiro e no quarto quadrinhos, as falas de Hamlet indicam que ele já vivenciou a situação descrita.
() O “dom da antecipação”, explicitado no texto 1 (13), pode ser ilustrado pela manifestação das crianças, no quinto quadro do texto 3.
A sequência correta, resultante do preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é