A loucura é um tema presente na literatura universal. Entre o conjunto de personagens, talvez a mais conhecida seja Dom Quixote, da obra El ingenioso hidalgo Don Quijote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, que luta contra moinhos de vento acreditando tratar-se de gigantes, apesar do aviso de seu fiel escudeiro, Sancho Pança, de que se tratava de moinhos e não de gigantes. Além desse, há outros autores que representaram em seus textos situações relacionadas a esse tema, como veremos a seguir.

TEXTO A

Ismália

Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar...

No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu,
Queria descer no mar...

E no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu As asas para voar... Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar.

TEXTO B

“O maluco respondia que sim com a cabeça, ao mesmo tempo que sapateava brandamente no assoalho. Nem para atender ao médico, tirava os olhos do sapato “novo”.

O programa da manhã consistia numa volta pelo centro. À tarde, ele deveria acompanhá-lo numa visita ao seu “cliente”.

- Que tal?

O maluco farejou muito todo aquele centro da cidade: a praça, a igreja, a casa do governo, a rua principal e o seu movimento. Com o focinho no ar, a capa voando ao vento forte, às vezes se retardava. O médico advertia-o. Ele então se apressava. E quando de novo se reunia ao companheiro, tinha um olhar de expectativa e de consulta.

Não: o doutor Valério só o que queria era que ele visse tudo (claro); com tempo, porém, para irem tomar o seu cafezinho.

- Um plano e tanto, não é assim?

O café estava quase deserto. (...)

Isto também já está visto - decidiu o Dr. Valério, na qualidade de guia. - Vamos tocando. (...)

Ao chegarem numa casa de esquina (...) o médico começou a consultar uns cartazes impressos entre os batentes e as vidraças das portas fechadas. Eram “horários”. O doutor não encontrava o que queria.

- Mas eu tenho uma ideia de que os dias são segundas, quartas e sextas - ruminava ele, alto, sem nenhum interesse, entretanto, em ser ouvido por mais ninguém senão por ele próprio. O maluco também avançava o focinho - querendo ajudar o doutor, mas sem saber bem o que. ”

(O louco do Cati, p. 192-193)

Para responder, assinale com V (verdadeiro) ou com F (falso) as afirmativas sobre a obra da qual foi extraído o texto B.

() A personagem central do romance é um indivíduo assaltado pelo temor, totalmente deslocado, que não tem nome, família, ocupação e endereço fixo.

() O maluco, no decorrer de sua trajetória, é acompanhado por inúmeros companheiros, que assumem a tarefa de decidir os rumos que ele deve seguir.

() O dr. Valério só aceita atestar a loucura do maluco após examiná-lo adequadamente.

() A transformação da personagem em lobisomem no final do livro não foi anunciada no decurso da narrativa.

() O percurso espacial realizado pelo maluco envolve somente as cidades de Quaraí, Porto Alegre e Rio de Janeiro.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: