TEXTO A

Maria

Castro Alves

Onde vais à tardezinha,

Mucama tão bonitinha,

Morena flor do sertão?

A grama um beijo te furta

Por baixo da saia curta,

Que a perna te esconde em vão...

Mimosa flor das escravas!

O bando das rolas bravas

Voou com medo de ti!...

Levas hoje algum segredo...

Pois te voltaste com medo

Ao grito do bem-te-vi!

Serão amores deveras?

Ah! Quem dessas primaveras

Pudesse a flor apanhar!

E contigo ao tom d’aragem,

Sonhar na rede selvagem...

À sombra do azul palmar!

Bem feliz quem na viola

Te ouvisse a moda espanhola

Da lua ao frouxo clarão...

Com a luz dos astros - por círios,

Por leito - um leito de lírios...

E por tenda - a solidão!

TEXTO B

Iracema, sentindo que lhe rompia o seio, buscou a margem do rio, onde crescia o coqueiro.

Estreitou-se com a haste da palmeira. A dor lacerou suas entranhas; porém logo o choro infantil inundou sua alma de júbilo.

A jovem mãe, orgulhosa de tanta ventura, tomou o tenro filho nos braços e com ele arrojou-se às águas límpidas do rio. Depois suspendeu-o à teta mimosa; seus olhos então o envolviam de tristeza e amor.

-Tu és Moacir, o nascido de meu sofrimento.

A ará, pousada no olho do coqueiro, repetiu Moacir, e desde então a ave amiga unia em seu canto ao nome da mãe, o nome do filho.

O inocente dormia; Iracema suspirava:

- A jati fabrica o mel no tronco cheiroso do sassafrás; toda a lua das flores voa de ramo em ramo, colhendo o suco para encher os favos; mas ela não prova sua doçura, porque a irara devora em uma noite toda a colmeia. Tua mãe também, filho de minha angústia, não beberá em teus lábios o mel de teu sorriso.

O texto B, da obra de José de Alencar homônima à personagem central, anuncia as ações subsequentes que relatam