TEXTO 1
Dois passageiros em uma cabine de trem (01). Apossaram-se das mesinhas, cabines e bagageiros e se instalaram (05) à vontade. Jornais, casacos e bolsas ocupam os assentos vazios (10). A porta se abre (06) e entram (07) dois outros viajantes (02). Não são vistos com bons olhos (11). Os dois primeiros passageiros, mesmo que não se conheçam (03) (12), comportam-se com uma solidariedade notável. Há uma nítida relutância em desocuparem os assentos vazios e deixarem que os recém-chegados também se acomodem (10) (13). A cabine do trem tornou-se território seu, para disporem dele a seu bel-prazer, e cada novo passageiro que entra é considerado um intruso (14). Esse comportamento não pode ser justificado (09) racionalmente - está arraigado mais a fundo.
(...)
O próprio vagão do trem é um domicílio transitório, um lugar que serve apenas para mudar de lugar. O passageiro é a negação da pessoa sedentária. Trocou seu território real por um virtual. Apesar disso (04), ele defende sua moradia temporária com um carrancudo ressentimento.
(Hans Magnus Enzensberger. O vagão humano (fragmento). In: Veja 25 anos - reflexões para o futuro.)
Para responder à questão, considerar as seguintes afirmativas sobre construções do texto.
I) “Dois passageiros em uma cabine de trem. ” (01) é uma frase nominal.
II) A frase que inicia na linha (02) poderia ser corretamente unida à seguinte (02) , usando-se, para isso, o nexo “que”, antecedido de vírgula.
III) A oração “mesmo que não se conheçam” (03) poderia ser substituída por “a menos que não se conheçam”, sem prejuízo ao sentido do texto.
IV) A expressão “apesar disso” (04) estabelece um contraste entre a atitude defensiva do passageiro e a ausência de motivo plausível que a justifique.
Pela análise das afirmativas, conclui-se que somente estão corretas