TEXTO A
“Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas da amplidão...
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E um baque de um corpo ao mar...”
TEXTO B
“O meu avô costumava à noite, depois da ceia, conversar para a mesa toda calada. Contava histórias de parentes e de amigos [...] O seu grande motivo era, porém, a escravidão. [...]
— O major Ursolino de Goiana fizera a casa de purgar no alto, para ver os negros subindo a ladeira com a caçamba de mel quente na cabeça. Tombavam cana com a corrente tinindo nos pés. Uma vez um negro dos Picos chegou na casa grande do major, todo de bota e de gravata. Vinha conversar com o senhor de engenho. Subiu as escadas do sobrado oferecendo cigarros. Estava ali para prevenir destruições que o gado do engenho fizera na cana dos Picos. Ele era o feitor de lá. O seu senhor pedira para levar este recado. O major calou-se, afrontado. Mandou comprar o negro no outro engenho. Mas o negro só tinha uma banda escrava. Pertencendo a duas pessoas numa partilha, um dos herdeiros libertara a sua parte.
Então o major comprou a metade do escravo. E trouxe o atrevido para a sua bagaceira. E mandou chicoteá-lo no carro, a cipó de couro cru, somente do lado que lhe pertencia.”
Para responder à questão, analisar as afirmativas que seguem, sobre os textos A e B.
I) Cada um dos textos trata de um momento distinto da escravidão no Brasil.
II) O Texto A apresenta a agonia dos negros, antes livres, capturados e carregados em navios como escravos, vivendo em condições subumanas.
III) O Texto B apresenta um fato representativo do tempo da escravidão.
IV) A história do “meio escravo” relatada no Texto B sugere que a ideia de alforria não era rejeitada por todos os proprietários de escravos.
Pela análise das afirmativas, conclui-se que está correta a alternativa