Morro velho

No sertão da minha terra,

¹fazenda é o camarada que ao chão se deu..

Fez a obrigação com força,

parece até que tudo aquilo ali é seu.

Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho,

lindo a crescer.

Orgulhoso camarada, de viola em vez de enxada.

Filho do branco e do preto,

correndo pela estrada atrás de passarinho.

Pela plantação adentro,

crescendo os dois meninos, sempre pequeninos.

Peixe bom dá no riacho de água tão limpinha,

dá pro fundo ver.

Orgulhoso camarada conta histórias pra moçada.

Filho do sinhô vai embora,

tempo de estudos na cidade grande.

Parte, tem os olhos tristes,

deixando o companheiro na estação distante.

“Não me esqueça, amigo, eu vou voltar.”

Some longe o trenzinho ao deus-dará.

Quando volta já é outro,

trouxe até sinhá-mocinha para apresentar.

Linda como a luz da lua

que em lugar nenhum rebrilha como lá.

Já tem nome de doutor

e agora na fazenda é quem vai mandar.

E seu velho camarada

já não brinca, mas trabalha.

MILTON NASCIMENTO

Adaptado de miltonnascimento.com.br.

fazenda é o camarada que ao chão se deu. (ref. 1)

No verso da canção de Milton Nascimento, o poeta apresenta uma definição da palavra “fazenda”.

Com base na primeira estrofe, essa definição destaca o seguinte elemento do contexto descrito: