Marta Reis

Quinze anos depois do genocídio que vitimou mais de 800 mil pessoas, visitar Ruanda ainda é uma espécie de jogo de adivinhação - a cada rosto que passa tenta-se descobrir quem foi vítima e quem foi algoz na tragédia de 1994. O governo do país recorre à união do povo. O censo e as carteiras de identidade étnicas não existem mais, todos agora são apenas considerados ruandeses. O esforço do presidente Paul Kagame em evitar um novo conflito é tão grande que chamar alguém de “tutsi” ou “hutu” de maneira ofensiva é crime, com pena que pode chegar a 14 anos.

Marcio Gagliato

A presença do trauma do genocídio é o principal problema social de Ruanda, maior inclusive que a pobreza. Tratar esse trauma coletivo devia ser prioridade número um, e não transformá-lo num tabu. A política do governo é a do esquecimento por lei, por obrigação. Errada é a vitimização do genocídio, pois existe uma história de conflitos anterior e posterior ao massacre.

(Adaptado de O Globo, 12/04/2009)

A polêmica sobre os efeitos do genocídio de Ruanda, ocorrido em 1994, aponta para contradições dos processos de constituição de Estados nacionais na África contemporânea.

Com base na análise dos textos, a resolução dessas contradições estaria relacionada à adoção das seguintes medidas: