Science Fiction
Carlos Drummond De Andrade
O marciano encontrou-me na rua
e teve medo de minha impossibilidade humana.
Como pode existir, pensou consigo, um ser
que no existir põe tamanha anulação de existência?
Afastou-se o marciano, e persegui-o.
Precisava dele como de um testemunho.
Mas, recusando o colóquio, desintegrou-se
no ar constelado de problemas.
E fiquei só em mim, de mim ausente.
(Nova reunião. São Paulo: José Olympio, 1983.)
A pergunta formulada pelo marciano pode ser lida como uma projeção da consciência do próprio sujeito poético. Um verso que também sugere essa projeção é: