As Sem-razões do Amor

Eu te amo porque te amo.

Não precisas ser amante,

e nem sempre sabes sê-lo.

Eu te amo porque te amo.

Amor é estado de graça

e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,

é semeado no vento,

na cachoeira, no eclipse.

Amor foge a dicionários

e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo

bastante ou demais a mim.

Porque amor não se troca,

não se conjuga nem se ama.

Porque amor é amor a nada,

feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,

e da morte vencedor,

por mais que o matem (e matam)

a cada instante de amor.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Corpo. Rio de Janeiro: Record, 2002.)

No título do poema, está presente um jogo de ideias contrárias que problematiza o amor - sentimento de muitas razões e de razão alguma.

Os versos que melhor expressam a problematização do sentimento amoroso estão transcritos em: