Texto I
Na paisagem do rio
difícil é saber
onde começa o rio;
onde a lama
começa do rio;
onde a terra
começa da lama;
onde o homem,
onde a pele
começa da lama;
onde começa o homem
naquele homem.
(“O cão sem plumas”, João Cabral de Melo Neto)
Texto II
O senhor tolere (1), isto é o sertão. Uns querem que não seja: que situado sertão é por os campos gerais a fora a dentro, eles dizem, fim de rumo, terras altas, demais do Urucuia (5). Toleima (3). Para os de Corinto e do Curvelo, então, o aqui não é dito sertão? Ah, que tem maior. [...] Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe (2): pão ou pães, é questão de opiniães (4)... O sertão está em toda a parte.
(Grande sertão: veredas, João Guimarães Rosa)
Considere as seguintes assertivas relacionadas aos dois textos, levando em conta a produção dos respectivos autores.
I) O caráter literário de I e de II resulta da beleza, concisão e clareza da linguagem utilizada pelos autores para registrar fidedignamente um universo típica e exclusivamente brasileiro.
II) O valor literário de I e II deve-se ao especial tratamento linguístico que confere às palavras sentidos múltiplos.
III) O efeito conotativo dos textos permite dizer que tanto o homem referido em I, quanto o sertão referido em II, transcendem os limites do regional para representarem valores universais.
Assinale: