A valsa é uma deliciosa cousa. Valsamos; não nego (4) que, ao aconchegar ao meu corpo aquele corpo flexível e magnífico, tive uma singular sensação (2), uma sensação de homem roubado (3). (...)

Cerca de três semanas depois recebi um convite dele [Lobo Neves, marido de Virgília] para uma reunião íntima. Fui; Virgília recebeu-me com esta graciosa palavra: — O senhor hoje há de valsar comigo. Em verdade, eu tinha fama e era valsista emérito (1); não admira que ela me preferisse (5). Valsamos uma vez, e mais outra vez. Um livro perdeu Francesca; cá foi a valsa que nos perdeu. Creio que nessa noite apertei-lhe a mão com muita força, e ela deixou-a ficar, como esquecida (6), e eu a abraçá-la, e todos com os olhos em nós, e nos outros que também se abraçavam e giravam ... Um delírio.

(Machado de Assis)

Obs.: o amor luxurioso entre Francesca da Rimini e Paolo Malatesta obriga Dante Alighieri a colocá-los no Inferno, em sua Divina Comédia. O livro que os perdeu é a narrativa do amor adulterino de Lancelote do Lago e Ginebra, mulher do Rei Artur - uma novela de cavalaria pertencente ao ciclo bretão.

Virgília recebeu-me com esta graciosa palavra: — O senhor hoje há de valsar comigo.

Iniciando a frase acima com “Virgília recebeu-me”, e transpondo o discurso direto para o discurso indireto, a forma correta para completar o fragmento, sem alteração do sentido original, é: