Na ribeira do Eufrates assentado,

Discorrendo me achei pela memória

Aquele breve bem, aquela glória,

Que em ti, doce Sião, tinha passado.

Da causa de meus males perguntado

Me foi: Como não cantas a história

De teu passado bem e da vitória

Que sempre de teu mal hás alcançado?

Não sabes, que a quem canta se lhe esquece

O mal, inda que grave e rigoroso?

Canta, pois, e não chores dessa sorte.

Respondi com suspiros: Quando cresce

A muita saudade, o piedoso

Remédio é não cantar senão a morte.

Luís de Camões, 20 sonetos. Org. Sheila Hue. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p.113.

Considerando as características formais e o núcleo temático, é correto afirmar que o poema retoma o dito popular