As Ondas

Entre as trêmulas mornas ardentias,

A noite no alto-mar anima as ondas.

Sobem das fundas úmidas Golcondas,

Pérolas vivas, as nereidas frias:

Entrelaçam-se, correm fugidias,

Voltam, cruzando-se; e, em lascivas rondas,

Vestem as formas alvas e redondas

De algas roxas e glaucas pedrarias.

Coxas de vago ônix, ventres polidos

De alabastro, quadris de argêntea espuma,

Seios de dúbia opala ardem na treva;

E bocas verdes, cheias de gemidos,

Que o fósforo incendeia e o âmbar perfuma,

Soluçam beijos vãos que o vento leva...

Olavo Bilac, Tarde. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1919, p.48

Ardentia: s.f. fosforescência sobre as ondas do mar, à noite.

Golconda: s. f. (fig.) mina de riquezas.

Nereida: s.f. cada uma das ninfas do mar, filhas de Nereu.

Disponíveis em www.aulete.com.br/ Acessado em 30/07/2021.

Em relação ao soneto de Olavo Bilac (no contexto de sua época), é correto afirmar que a seleção lexical favorece a