Texto I

Em Bacurau, vilarejo fictício no meio do nada que recebe o nome de um pássaro “brabo” de hábitos noturnos, o sertão é também o centro do país. Bacurau cheira a morte. A primeira sequência do longa é a passagem de um caminhão-pipa que atropela caixões pelo caminho. No povoado isolado, mas hiperconectado à internet, os moradores, com uma grande variedade de gêneros, raças e sexualidades, vivem sem água e escondem-se quando o prefeito em campanha pela reeleição chega para distribuir mantimentos vencidos, e despejar livros velhos em frente à escola local. Aí já começa a resistência: em meio à penúria, os moradores organizam-se e ajudam-se entre eles. Quando o vilarejo literalmente desaparece dos mapas digitais e a comunidade perde a conexão com a internet, a presença de forasteiros coincide com o misterioso aparecimento de cadáveres crivados à bala e Bacurau vive uma carnificina.

( OLIVEIRA, Joana. Em ‘Bacurau’, é lutar ou morrer no sertão que espelha o Brasil. El País. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/20/cultura/1566328403_365611.html. Acesso em: 20 out. 2019. (Adaptado.).

Texto II

BACURALIZAR

verbo transitivo direto

1. autogovernar-se em comunidade, fazer a própria gestão dos recursos e serviços que deveriam ser oferecidos pelo estado, sem a ajuda de empresas ou de parcerias público-privadas.

2. entricheirar-se em suas comunidades como forma de defesa à máquina de matar do estado.

(Adaptado do Instagram de Lia de Itamaracá. Disponível em https://www.insta 7zu.com/tag/LiaDeltamaraca. Acessado em 20/10/2019.)

  1. a) Explique por que “bacuralizar” é um neologismo e qual é o processo de formação dessa palavra.

  2. b) Considere as informações sobre o enredo do filme Bacurau presentes no texto I e sobre o papel do Estado na vida da comunidade no texto II. A partir dessas informações, crie um exemplo do uso de “bacuralizar” para cada acepção da palavra registrada no texto II.