Para driblar a censura imposta pela ditadura militar, compositores de música popular brasileira (MPB) valiam-se do que Gilberto Vasconcelos chamou de “linguagem da fresta”, expressão inspirada na canção “Festa imodesta”, de Caetano Veloso.

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Numa festa imodesta como esta Vamos homenagear

Todo aquele que nos empresta sua testa

Construindo coisas pra se cantar

Tudo aquilo que o malandro pronuncia

E que o otário silencia

Toda festa que se dá ou não se dá

Passa pela fresta da cesta e resta a vida.

Acima do coração que sofre com razão

A razão que volta do coração

E acima da razão a rima

E acima da rima a nota da canção

Bemol natural sustenida no ar

Viva aquele que se presta a esta ocupação

Salve o compositor popular

(Gilberto de Vasconcelos, Música popular: de olho na fresta. Rio de Janeiro: Graal, 1977.)

É correto afirmar que, na canção, essa “linguagem da fresta” transparece