Cem anos depois

Vamos passear na floresta

Enquanto D. Pedro não vem.

D. Pedro é um rei filósofo,

Que não faz mal a ninguém.

Vamos sair a cavalo,

Pacíficos, desarmados:

A ordem acima de tudo.

Como convém a um soldado.

Vamos fazer a República,

Sem barulho, sem litígio,

Sem nenhuma guilhotina,

Sem qualquer barrete frígio.

Vamos, com farda de gala,

Proclamar os tempos novos,

Mas cautelosos, furtivos,

Para não acordar o povo.

(José Paulo Paes, O melhor poeta da minha rua, em Fernando Paixão (sel. e org.), Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 2008, p.43.)

O tom irônico do poema em relação à história do Brasil põe em evidência