Leia este poema de Cecília Meireles:

Desenho

Traça a reta e a curva,

a quebrada e a sinuosa

Tudo é preciso.

De tudo viverás.

Cuida com exatidão da perpendicular

e das paralelas perfeitas.

Com apurado rigor.

Sem esquadro, sem nível, sem fio de prumo,

Traçarás perspectivas, projetarás estruturas.

Número, ritmo, distância, dimensão.

Tens os teus olhos, o teu pulso, a tua memória.

Construirás os labirintos impermanentes

que sucessivamente habitarás.

Todos os dias estás refazendo o teu desenho.

Não te fatigues logo. Tens trabalho para toda a vida.

E nem para o teu sepulcro terás a medida certa.

Somos sempre um pouco menos do que pensávamos.

Raramente, um pouco mais.

(Cecília Meireles, O estudante empírico, em Antonio Carlos Secchin (org.), Poesia Completa. Tomo II. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 1455 - 56).

  1. a) Tanto o título quanto as imagens do poema remetem a um domínio do conhecimento humano. Que domínio é esse?

  2. b) Em que sentido são empregadas tais imagens no poema?

  3. c) Esse sentido acaba por ser contrariado ao longo do poema? Responda sim ou não e justifique.