...Mas para quem viaja para o interior, o primeiro espanto é o contraste entre a estrada vistosa e de bom asfalto e a paisagem que ela atravessa. Pouca agricultura, a palma ocasional ou o algodão... Pontos d’água sempre mais escassos, rios secos, algum gado, bodes e cabras, muito sol. Distribuindo tudo isso, uma quantidade incalculável de cercas de todo tipo: arame farpado, de pau a pique lado a lado, de pedras amontoadas. As cercas estão em toda a parte, mesmo em lugares onde só o mandacaru resta, num zelo dos proprietários. Afinal de contas são as propriedades e não a exploração econômica que consubstanciam a riqueza do sertão. Entre a cerca e as estradas, no pequeno espaço vazio entre a moderna rodovia e a propriedade privada, vaga o testemunho vivo do flagelo da seca. Uma multidão de pedintes dramatiza as súplicas aos carros que passam em alta velocidade: são mulheres e crianças excluídas até do meio de sobrevivência proposto pelo governo em regime de emergência- as frentes de trabalho.

"... E o sertão de todo se impropriou à vida".

Sérgio G. Paulo e Cesar Q. Benjamin - Vozes.

Procure analisar as relações socioeconômicas sugeridas pelo texto acima.