Leia este trecho de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus.
18 de dezembro... Eu estava escrevendo. Ela perguntou-me:
— Dona Carolina, eu estou neste livro? Deixa eu ver!
— Não. Quem vai ler isto é o senhor Audálio Dantas, que vai publicá-lo.
— E porque é que eu estou nisto?
— Você está aqui por que naquele dia que o Armin brigou com você e começou a bater-te, você saiu correndo nua para a rua.
Ela não gostou e disse-me:
— O que é que a senhora ganha com isto?
... Resolvi entrar para dentro de casa. Olhei o céu com suas nuvens negras que estavam prestes a transformar-se em chuva.
Considere as seguintes afirmações sobre o trecho acima.
I. Está presente no fragmento uma tensão que perpassa o conjunto do livro: ao mesmo tempo em que se apropria da experiência de pobreza e violência da favela, Carolina quer diferenciar-se dela.
II. Audálio Dantas aparece como figura que representa oportunidade de publicação e autoridade letrada.
III. Aparece no fragmento uma alternância narrativa que marca Quarto de despejo: do dia a dia inclemente na favela para certa linguagem literária idealizada por Carolina.
Quais estão corretas?