________ me perguntam: quantas palavras uma pessoa sabe? Essa é (2) uma pergunta importante, principalmente (1) para quem ensina línguas estrangeiras. Seria muito útil para quem planeja um curso de francês ou japonês ter uma estimativa (11) de quantas palavras um nativo conhece; e quantas os alunos precisam aprender para usar a língua com certa facilidade. Essas informações (4) seriam preciosas para quem está preparando um manual que inclua, entre outras coisas (3), um planejamento cuidadoso da introdução gradual (12) de vocabulário.

À parte isso, a pergunta tem seu interesse próprio. Uma língua não é apenas composta de palavras: ela inclui também regras gramaticais e um mundo de outros elementos que também precisam ser dominados. Mas as palavras são particularmente numerosas, e é notável como qualquer pessoa, instruída ou não, ________ acesso a esse acervo (13) imenso de informação com facilidade e rapidez. Assim, perguntar quantas palavras uma pessoa sabe é parte do problema geral de o que é que uma pessoa tem em sua mente e que ________ permite usar a língua, falando e entendendo.

Antes de mais nada (5), porém, o que é uma (6) palavra? Ora (7), alguém (8) vai dizer, “todo mundo sabe o que é uma palavra” (18). Mas não é bem assim. Considere a palavra olho . É muito claro que isso aí é uma palavra – mas será que olhos é a mesma palavra (só que no plural)? Ou será outra palavra?

Bom (14), há razões para responder das duas maneiras: é a mesma palavra, porque significa a mesma coisa (mas com a ideia de plural); e é outra palavra, porque se pronuncia diferentemente (olhos tem um “s” final que olho não tem, além da diferença de timbre das vogais tônicas (16)). Entretanto (9), a razão principal (10) por que julgamos (17) que olho e olhos sejam a mesma palavra é que a relação entre elas é extremamente regular; ou seja, vale não apenas para esse par, mas para milhares de outros pares de elementos da língua: olho/olhos, orelha/orelhas, gato/gatos, etc. E, semanticamente, a relação é a mesma em todos os pares: a forma sem “s” denota um objeto só, a forma com “s” denota mais de um objeto. Daí (15) se tira uma consequência importante: não é preciso aprender e guardar permanentemente na memória cada caso individual; aprendemos uma regra geral (“faz-se o plural acrescentando um “s” ao singular (20)”), e estamos prontos (19).

(Adaptado de: PERINI, Mário A. Semântica lexical. ReVEL, v. 11, n. 20, 2013.)

Considere as seguintes afirmações sobre o texto.

  1. I. Os usos pronominais e verbais ora na primeira pessoa do singular, ora na primeira pessoa do plural, ora na terceira pessoa devem-se ao caráter científico do
    texto.

  2. II. Expressões como Bom (14) e daí (15) revelam um uso coloquial da língua relacionado ao fato de o texto ter sido publicado em revista, e não em livro.

  3. III. A predominância de verbos no presente do indicativo, no texto, é reveladora de seu caráter expositivo-argumentativo.

Quais estão corretas?