Luís de Camões
Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É cuidar que se ganha em se perder
É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Vinícius de Moraes
Amo-te tanto, meu amor...não cante O humano coração com mais verdade.. Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante, E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente, De um amor sem mistério e sem virtude Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito e amiúde, É que um dia em teu corpo de repente Hei de morrer de amar mais do que pude
Considere as seguintes afirmações sobre os dois poemas
I. - Os dois poemas apresentam a temática amorosa: no soneto de Camões, o sujeito lírico define o amor; no soneto de Moraes, o sujeito lírico diz como ama.
II. - O soneto de Camões apresenta uma estrutura antitética nas três primeiras estrofes, como a exprimir o caráter contraditório do sentimento amoroso.
III. - O soneto de Vinícius de Moraes apresenta o sujeito lírico que ama de corpo e alma, ampliando o sentimento amoroso à dimensão física.
Quais estão corretas?