Entre as situações linguísticas que o português já viveu em seu contato com outras línguas, cabe considerar uma situação que se realiza em nossos dias: aquela em que ele é uma língua de emigrantes. Para o leitor brasileiro, soará talvez estranho que falemos aqui do português como uma língua de EMIGRANTES, pois o Brasil foi antes de mais nada um país para o qual se dirigiam em massa, durante mais de dois séculos, pessoas nascidas em vários países europeus e asiáticos; assim, para a maioria dos brasileiros, a representação mais natural é a da convivência no Brasil com IMIGRANTES vindos de outros países. Sabemos, entretanto, que, nos últimos cem anos, muitos falantes do português foram buscar melhores condições de vida, partindo não só de Portugal para o Brasil, mas também desses dois países para a América do Norte e para vários países da Europa: em certo momento, na década de 1970, viviam na região parisiense mais de um milhão de portugueses – uma população superior à que tinha então a cidade de Lisboa. Do Brasil, têm ........ nas últimas décadas muitos jovens e trabalhadores, dirigindo-se aos quatro cantos do mundo.

A existência de comunidades de imigrantes é sempre uma situação delicada para os próprios imigrantes e para o país que os recebeu: normalmente, os imigrantes vão a países que têm interesse em usar sua força de trabalho, mas qualquer oscilação na economia faz com que os nativos ........ sua presença como indesejável; as diferenças na cultura e na fala podem alimentar preconceitos e desencadear problemas reais de diferentes ordens.

Em geral, proteger a cultura e a língua do imigrante não é um objetivo prioritário dos países hospedeiros, mas no caso do português tem havido ........ . Em certo momento, o português foi uma das línguas estrangeiras mais estudadas na França; e, em algumas cidades do Canadá e dos Estados Unidos, um mínimo de vida associativa tem garantido a sobrevivência de jornais editados em português, mantidos pelas próprias comunidades de origem portuguesa e brasileira.

(Adaptado de: ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato. O português como língua de emigrantes. In:__O português da gente: a língua que estudamos a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006. p. 42-43.)

Considere as seguintes sugestões de alteração de segmentos do texto.

  1. I. A forma à (l. 24) poderia ser substituída por àquela, porque não acarretaria problemas de uso da norma culta do português.

  2. II. A preposição para poderia ser substituída por entre na linha 30 e elidida na linha 31, preservando a correção e o sentido do trecho original.

  3. III. A preposição com (l. 35) poderia ser elidida da oração sem prejuízo da correção gramatical.

Quais estão corretas?