Se, em um tempo futuro, muito distante, só tivessem sobrado de nós vestígios (1) e alguns deles fossem encontrados, e entre esses, fotografias, pensemos que um fato seria possível: por meio delas, para os que as encontrariam, poderia se operar uma revelação. As fotografias diriam sobre quem fomos e como vivemos. (4) Caso os habitantes do futuro (5) encontrassem, por acaso (6), soterrado (7) um arquivo de fotografias de guerra, quem sabe (17) deduziriam (18) a ________ condição daquela humanidade perdida e suspirariam (19) de alívio pela nossa ________. Se, ao contrário, o que encontrassem fossem álbuns de uma prosaica família, apreciariam crianças fotografadas, ao longo dos anos, sempre tão divertidas, cenas de trivial alegria.

Por um lado, redução: há como superar (2) a finitude. Por outro, castigo: não se esquecerá enquanto houver a fotografia. O que se lembra diante do retrato de um anônimo fotografado no séc. XIX? Há sempre um encanto imanente nessas imagens do passado; são como pontos que não se cruzam, como caminhos indicados por setas que parecem levar a lugar nenhum. Mas nos fazem desejar (9), pela expectativa do que se pode ver do outro lado, cruzá-los (8).

Um postulado pode ser enunciado nos termos de que, se está na imagem, existe; ou, tratando-se de fotografia, se está na foto, existiu e pode ou não ainda existir (24). Na esteira dessa lógica, então (24), seria aceitável considerar que esquecer é humano e lembrar é fotográfico. Se remontarmos às nossas experiências, considerando o álbum de família, seguramente a maioria de nós dará como depoimento a surpresa do encontro com o passado. A palavra encontro talvez (20) seja (21) um superlativo (11) do que realmente (10) acontece, visto que (25) o máximo que a fotografia nos oferece é a possibilidade de uma projeção do aproximar-se com o que foi. Há (13) uma (14) tendência em acreditarmos na foto, desde, é claro (12), que a informação nela contida não ________ nossas certezas projetadas em imagens mentais sobre o passado. Uma personagem de Virginia Wolf comenta: “Não possuímos as palavras. Elas estão por trás dos olhos, não sobre os lábios”. E sem as palavras, o que contariam as fotografias? Talvez não possam (22) contar, mas (26) seguramente (15) alguma coisa do passado vem evocada nelas, como a dúvida, ou no mínimo a nostalgia (3) daquele fato fragmentado (16) em imagem, na referência a outra pessoa em uma festa perdida na lembrança.

(Adaptado de: MICHELON, F. F. Introdução. In: MICHELON, F. F.; TAVARES, F. S. (orgs.). Fotografia e memória. Pelotas, RS: EdUFPel, 2008. p. 7-15.)

Considere as seguintes propostas de substituição de palavras do texto.

1 - vestígios (1) por resquícios.

2 - superar (2) por vencer.

3 - nostalgia (3) por lembrança.

Quais propostas indicam que a segunda palavra constitui sinônimo adequado da primeira, considerando o contexto em que esta ocorre?