A questão está relacionada ao livro O guardador de rebanhos, de Alberto Caeiro.
Leia o trecho abaixo de O guardador de rebanhos
(...)
Pensar no sentido íntimo das cousas É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi. Se ele quisesse que eu acreditasse nele, Sem dúvida que viria falar comigo E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos De quem, por não saber o que é olhar para as cousas, Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)
Mas se Deus é as flores e as árvores E os montes e o sol e o luar, Então acredito nele, Então acredito nele a toda a hora, E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
(...)
Considere as seguintes afirmações sobre o trecho do poema.
I. O poema afirma a imanência das coisas e do mundo, daquilo que pode ser visto, tocado, enfim, daquilo que é apreendido pelos sentidos do corpo, enquanto o significado oculto das coisas é renegado.
II. O poeta celebra um pacto materialista com o mundo, o que o faz perceber as leis científicas em vigor na natureza, embora aceite a dimensão eterna e transcendente das flores e das árvores.
III. O poeta, embora afirme não acreditar em Deus (porque nunca o vi), ao levantar a hipótese de que Deus encontra-se em fenômenos concretos (flores, árvores, montes, etc.), admite que sua vida é uma oração e uma missa.
Quais estão corretas?