Leia os fragmentos que seguem, extraídos, respectivamente, dos textos Trezentas Onças e No Manantial, incluídos em Contos Gauchescos, de Simões Lopes Neto.
Fragmento 1
Eh-pucha! patrício, eu sou mui rude... a gente vê caras, não vê corações...; pois o meu, dentro do peito, naquela hora, estava como um espinilho ao sol, num descampado, no pino do meio-dia: era luz de deus por todos os lados!...
E já todo no meu sossego de homem, meti a pistola no cinto. Fechei um baio, bati o isqueiro e comecei a pitar.
Fragmento 2
O arranchamento alegre e farto foi desaparecendo... o feitio da mão de gente foise gastando, tudo foi minguando; as carquejas e as embiras invadiram; o gravatá lastrou; só o umbu foi guapeando, mas abichornado, como viúvo que se deu bem em casado...; foi ficando tapera... a tapera... que é sempre um lugar tristonho onde parece que a gente vê gente que nunca viu...
Considere as seguintes afirmações sobre esses fragmentos.
I. No primeiro fragmento, a presença de termos regionais, de linguagem figurada e de ditado popular contribui para a caracterização da identidade e do estado de espírito do personagem.
II. No segundo fragmento, o uso das formas verbais “invadiram” e “lastrou” para descrever mudanças sofridas pela vegetação sugere uma identificação entre a paisagem natural e o destino trágico da família de Maria Altina.
III. Ambos os fragmentos exemplificam o uso coloquial da linguagem de Blau Nunes, que contrasta com o discurso urbano e erudito do “patrício”, reproduzido no texto.
Quais estão corretas?