Leia o fragmento abaixo, de História do Cerco de Lisboa, de José Saramago, único autor de língua portuguesa que, até o presente, recebeu o prêmio Nobel de Literatura.
[...] com a mão firme segura a esferográfica e acrescenta uma palavra à página, uma palavra que o historiador não escreveu, que em nome da verdade histórica não poderia ter escrito nunca, a palavra Não, agora o que o livro passou a dizer é que os cruzados Não auxiliarão os portugueses a conquistar Lisboa, assim está escrito e portanto passou a ser verdade, ainda que diferente, o que chamamos falso prevaleceu sobre o que chamamos verdadeiro, tomou o seu lugar [...].
Considere as seguintes afirmações, sobre esse fragmento.
I. Evidencia-se um modelo de narrador que se intromete no relato colocando em evidência seus modos de construção.
II. O historiador substitui o narrador na tarefa de relatar o episódio do cerco de Lisboa, porque a história tem o compromisso com a verdade dos fatos.
III. Questionam-se os limites entre história e ficção, bastando, nesse caso, uma palavra para modificar uma visão anteriormente estabelecida sobre o passado.
Quais estão corretas?